Após aprovar a toque de caixa a urgência para votação de projeto da anistia nesta quinta, 18, agradando à oposição bolsonarista, o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos), resolveu também fazer um aceno para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, informando ao Planalto que destravará o projeto da redução do Imposto de Renda — prioridade máxima do governo — na próxima semana.
A equipe de Motta informou para VEJA que o projeto do IR será um dos principais assuntos a serem discutidos na reunião de líderes da Câmara dos Deputados na próxima terça-feira, 23.
A iniciativa visa manter uma balança de pesos e contrapesos entre governo e oposição, visto que, para se eleger presidente da Câmara, Motta precisou do apoio do PL e do PT.
A anistia é a principal pauta da oposição neste momento e visa beneficiar o ex-presidente Jair Bolsonaro, após ele ter sido condenar a 27 anos e três meses de prisão por tentativa de golpe de estado. Por outro lado, é a pauta mais rejeitada pelo governo Lula.
Já o projeto do governo visa ampliar a faixa de isenção do IR para quem ganha até 5.000 reais de salário bruto e é encarada como uma possível forte bandeira eleitoral de Lula para a campanha à reeleição de 2026.
O texto avançou na Câmara dos Deputados em julho, após Lula costurar um acordo entre o relator, o deputado Arthur Lira (PP-AL), e o senador Renan Calheiros (MDB-AL), que destravou questões eleitorais em Alagoas (como VEJA contou em reportagem). No Senado, o material será relatado por Calheiros. No entanto, desde aquele momento, a proposta ficou travada por causa de divergências quanto à compensação financeira, estimada em 25 milhões de reais.
O governo defende aumentar a alíquota de impostos para os mais ricos, mas a oposição se disse contrária. O líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), chegou a dizer que defendeu a ampliação da isenção, mas que o governo deveria se virar para compensar de outra forma, que não aumentando impostos para qualquer parcela da população, ainda que sejam muito ricos.