Uma das instituições mais prestigiadas dos Estados Unidos, a Universidade Harvard anunciou na terça-feira 18 que vai abrir uma investigação para apurar as conexões entre pessoas vinculadas à entidade e Jeffrey Epstein, o financista condenado por um esquema de exploração sexual de garotas, muitas delas menores de idade, que voltou à tona devido a amizade entre ele e o presidente Donald Trump. Entre os indivíduos que Harvard vai prescrutar está o ex-reitor Larry Summers.
“A universidade está conduzindo uma revisão das informações referentes a indivíduos em Harvard incluídas nos documentos recentemente divulgados sobre Jeffrey Epstein para avaliar quais ações podem ser necessárias”, disse o porta-voz de Harvard, Jason Newton, por meio de um e-mail divulgado pela Reuters nesta quarta-feira, 19, onde não citou Summers pelo nome.
O inquérito vem uma semana após a Câmara dos Deputados americana divulgar milhares de documentos relacionados a Epstein, incluindo correspondências pessoais entre o criminoso sexual e o ex-reitor da universidade. A revelação colocou Harvard no centro do escândalo que envolve a polêmica lista de associados ao financista.
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“Tenho grandes arrependimentos na minha vida. Como já disse antes, minha associação com Jeffrey Epstein foi um grande erro de julgamento”, declarou Summers ao Harvard Crimson, jornal da universidade.
Summers é professor de Harvard e anunciou que se afastaria da vida pública na segunda-feira 17, renunciando inclusive à sua cadeira no conselho da OpenAI, empresa por trás do ChatGPT. O economista teve passagem pela política americana como secretário (entre 1999 e 2001) e subsecretário (entre 1995 e 1999) do Tesouro durante a administração do ex-presidente Bill Clinton, outro que apareceu nos e-mails.
Em uma das mensagens divulgados pela Câmara, o docente escreveu a Epstein: “Estou tentando entender por que a elite americana acha que, se você matar seu bebê por espancamento e abandono, isso deve ser irrelevante para sua admissão em Harvard. Mas se você deu em cima de algumas mulheres há 10 anos, não pode trabalhar em uma rede ou think tank”. Summers foi reitor entre 2001 e 2006, quando renunciou após a repercussão de comentários sexistas.
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A figura de Jeffrey Epstein tornou-se central na política dos Estados Unidos nos últimos anos. Após a divulgação dos documentos pela Câmara, Trump instruiu a procuradora-geral, Pam Bondi, a investigar democratas citados nos arquivos.
No entanto, o próprio presidente americano é acusado de ter envolvimento com o predador sexual, tendo sido citado em e-mails de Epstein em 2019. Muitos dos eleitores do republicano, inclusive, acreditam que ele fez uso do governo para acobertar a amizade. O republicano nega qualquer envolvimento com os crimes do financista.