O gabinete do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, informou nesta terça-feira, 25, que forças de segurança receberam o corpo de mais um refém devolvido pelo Hamas e seu aliado, a Jihad Islâmica, por meio da Cruz Vermelha. A entrega dos restos mortais faz parte do frágil acordo de cessar-fogo, implementado na Faixa de Gaza há quase dois meses.
Tel Aviv ainda não confirmou se o material pertence a um dos três reféns que continuavam no enclave palestino. Segundo o governo, os restos mortais serão encaminhados para análise forense.
Segundo a Jihad Islâmica Palestina, os restos mortais foram encontrados no início desta semana em Nuseirat, um campo de refugiados no centro de Gaza. Desde o início da trégua, os combatentes devolveram 25 corpos de reféns, enquanto Israel repatriou 330 corpos de palestinos — a maior parte ainda sem identificação.
O governo israelense pressiona os grupos palestinos para acelerar o processo de entrega dos restos mortais e ameaça retomar operações militares caso todos os reféns mortos não sejam localizados. Já o Hamas afirma não ter conseguido recuperar parte dos corpos, que estariam soterrados sob os escombros de edifícios bombardeados na ofensiva israelense dos últimos dois anos.
Do lado palestino, autoridades dizem enfrentar dificuldades para identificar os corpos recebidos devido à falta de kits para testes de DNA. Segundo o Ministério da Saúde de Gaza, administrado pelo Hamas, apenas 95 palestinos repatriados foram identificados até agora.
A crise humanitária no enclave também persiste. Chuvas intensas e suprimentos insuficientes dificultam a vida de cerca de 2 milhões de deslocados. As Nações Unidas lançaram alertas para a escassez de alimentos, itens de inverno e equipamentos básicos, e pede que Israel flexibilize a entrada de ajuda humanitária no território.
Frágil cessar-fogo
Apesar da interrupção dos combates diários, ataques pontuais continuam. De acordo com o Ministério da Saúde de Gaza, 345 palestinos foram mortos desde o início da trégua, incluindo três registradas nesta terça-feira, em Khan Younis. Sobre o episódio Israel afirmou ter neutralizado “três terroristas” que teriam cruzado a chamada “linha amarela”, que separa áreas controladas por Hamas e forças israelenses. Na segunda-feira, mais quatro mortes foram registradas na Cidade de Gaza e em Beni Suaila.
Desde o ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023 — que deixou 1.200 mortos e viu mais de 250 sequestrados — o ministério de Gaza contabiliza 69.775 mortos e 170.863 feridos na ofensiva israelense. Especialistas independentes consideram os números geralmente confiáveis, embora o órgão não diferencie civis de combatentes.
Ajuda internacional
Enquanto cresce a pressão por avanços na trégua, progride também o planejamento da chamada força internacional de estabilização de Gaza (ISF), aprovada na semana passada pelo Conselho de Segurança da ONU. A Indonésia afirmou nesta terça-feira estar pronta para enviar soldados, aguardando apenas ordem formal do presidente Prabowo Subianto. Segundo o chefe das Forças Armadas, general Agus Subianto, o contingente pode incluir batalhões de engenharia, equipes médicas, apoio mecanizado, navios-hospital e aeronaves militares.
Segundo o plano, idealizado pelos Estados Unidos, haveria ainda uma autoridade de transição supervisionada pelo próprio presidente Donald Trump, bem como a abertura de um “caminho” para discussões sobre um futuro Estado palestino.