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Hamas diz ter devolvido um dos dois últimos corpos de reféns a Israel

O grupo palestino radical Hamas anunciou nesta terça-feira, 2, que devolveu um dos dois últimos corpos de reféns a Israel. O gabinete do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, confirmou o recebimento das “descobertas”, como definiu os restos mortais, e informou que foram levadas para análise forense. Os únicos sequestrados mortos que ainda não retornaram a Tel Aviv são o policial israelense Ran Gvili e o cidadão tailandês Sudthisak Rinthalak, levados nos ataques de 7 de outubro de 2023.

A devolução de todos os reféns, vivos e mortos, faz parte do frágil cessar-fogo entre Israel e Hamas, em vigor há quase dois meses. De lá para cá, ambos os lados trocaram acusações de violações dos termos. O governo israelense alega que os combatentes feriram o acordo devido à demora em entregar os corpos, embora o grupo radical tenha afirmado de antemão que encontrar os restos mortais nos escombros de Gaza, devastada por dois anos de guerra, demandaria tempo e equipamento adequado.

Os combatentes, por sua vez, denunciam recorrentes ataques israelenses contra o enclave palestino desde a implementação do acordo. Ao menos 357 pessoas foram mortas em Gaza no período, enquanto os militantes mataram três soldados israelenses. Entre as vítimas, está o o jornalista freelancer palestino Mahmoud Wadi, em Khan Younis, acusado por Israel de participar dos ataques de 7 de outubro — uma alegação também feita contra outros repórteres, mas negada veementemente pelos veículos que eles trabalhavam.

Trata-se, inclusive, do conflito mais mortal para jornalistas. Quase 300 profissionais da imprensa foram mortos desde 7 de outubro, incluindo 10 da emissora árabe Al Jazeera, de acordo com o Observatório Shireen Abu Akleh. O número é superior ao total combinado da Primeira e da Segunda Guerra Mundial, que somaram 69 vítimas. Nas guerras do Vietnã, Camboja e Laos, foram 71; e na invasão russa à Ucrânia, que segue desde 2022, foram 19 até agosto.

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Gaza devastada e tensão na Cisjordânia

O rastro de escombros é 12 vezes maior do que a Grande Pirâmide de Gizé, no Egito. De cada 10 edifícios que antes existiam em Gaza, oito foram danificados ou arrasados. Encurralada, restou à população de Gaza tentar fugir dos bombardeios. Mais de 1,9 milhão de pessoas, ou 90% do enclave, foram deslocadas, de acordo com a Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Oriente Próximo (UNRWA). Em Israel, em comparação, cerca de 100.000 pessoas tiveram de deixar suas casas.

A guerra em Gaza abriu um “abismo produzido pelo homem” e deixou uma conta de reconstrução que pode ultrapassar US$ 70 bilhões (cerca de R$ 377 trilhões), mostrou um relatório divulgado na última terça-feira, 25, pela Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD). O documento indicou que a ofensiva israelense e restrições estruturais “comprometeram profundamente todos os pilares de sobrevivência” dos mais de 2 milhões de palestinos, hoje em estado de “empobrecimento extremo e multidimensional”.

Na Cisjordânia, o quadro também se agrava. O relatório aponta que a expansão acelerada de assentamentos, a escalada da violência e as restrições severas à circulação “dizimaram a economia local”. Entre 2023 e 2024, o PIB da região caiu 17%, enquanto o PIB per capita retrocedeu quase 19% — retornando aos níveis de 2008 e 2014. Paralelamente, Israel reteve US$ 1,76 bilhão (mais de R$ 9,4 bilhões) em repasses fiscais desde 2019, o equivalente a 12,8% do PIB palestino em 2024, dizimando a capacidade da Autoridade Palestina (AP) de pagar salários, manter serviços básicos e estabilizar as finanças públicas.

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