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Guinada: ucranianos agora aceitam trocar territórios por acordo de paz

Irá Donald Trump conseguir um acordo aceitável sobre o fim da guerra na Ucrânia – ou pelo menos sua suspensão? As probabilidades não são exatamente altas, mas o presidente americano tem um fator inesperado a seu favor: depois da brava resistência, e de um número estimado em até 500 mil mortos e feridos, a maioria dos ucranianos está disposta a engolir um remédio tóxico. Segundo uma pesquisa Gallup, 69% aceitam um fim negociado da guerra e apenas 24% apoiam continuar lutando até expulsar os russos.

Em 2022, era exatamente o oposto: 73% favoreciam a guerra até a vitória e 22%, uma saída negociada.

A realidade falou mais alto, mesmo que contrariando os princípios mais elementares da justiça. Embora não tenham conseguido tomar o país inteiro e implantar um governo títere, graças à resistência dos militares e da população civil, além do exemplo encarnado por Volodymyr Zelensky, os russos são a força preponderante. Não há como não reconhecer isso.

A mudança na castigada opinião pública pode ajudar Zelensky a acatar um acordo de cessar-fogo, além de sobreviver politicamente à ala militar que não aceita negociar o inegociável, o próprio território nacional.

Como acontece no Brasil, a constituição ucraniana estabelece que esse território é uno e indivisível. É um trauma enorme mudar isso, mas dificilmente existe, hoje, alguma alternativa que tire os russos da faixa que já conquistaram – e incorporaram a seu próprio país.

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PAZ DOLOROSA

Segundo o Telegraph, Trump tem uma série de incentivos a oferecer a Putin, inclusive a exploração de terras raras na área da Ucrânia que a Rússia engoliu e até exploração de gás na região do estreito de Bering, em torno do Alasca, onde os dois vão se reunir. Outro incentivo: a suspensão da sanções sobre a venda de peças para aviões, uma das áreas mais vulneráveis da economia russa, com uma parte da frota parada ou canalizada.

Quando a Rússia invadiu a Ucrânia, o primeiro-ministro britânico era Boris Johnson, que disse uma frase famosa: Putin tinha que perder e parecer que havia perdido. A realidade hoje é que Putin vai praticamente consagrar a conquista territorial pela força, uma abominação pelos princípios que deveriam reger as relações entre os países. Vai sair ganhando e parecer que ganhou.

É uma injustiça insuportável, mas a maioria dos ucranianos entende a situação no campo de batalha e também as mudanças que a eleição de Donald Trump trouxeram. A paz trumpiana é dolorosa – e também incerta.

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Qual a garantia de que Putin não vá usar a força de novo? Na prática, nenhuma. Ele tem a plena convicção de que Rússia e Ucrânia são “um só povo” – mesmo que até os ucranianos de origem russa rechacem isso.

DESFILE DOS CAIXÕES

As cerimônias fúnebres segundo os ritos da religião ortodoxa, seguida pela maioria dos ucranianos, são comoventes. Quando um militar é enterrado, as pessoas se ajoelham à passagem do caixão. Às vezes, são colocados pães sobre os caixões, um símbolo da vida na hora final.

A mudança na opinião pública sobre a guerra significa que muitos já se cansaram de ver o desfile constante dos caixões. Mesmo aceitando a perda de territórios, que em termos nacionais também é morrer um pouco, eles são pessimistas: 68% acham que é improvável ver o fim da guerra até o fim do ano.

Conseguirá Trump mudar isso. Nada menos que 73% dos ucranianos têm uma visão negativa do presidente americano, mas é dele que dependem para parar o desfile de caixões.

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