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Guerra contra o Irã é de todos israelenses, inclusive líder oposicionista

Criticar Benjamin Netanyahu pelos transcendentais acontecimentos em Israel, de Gaza ao Irã, é do jogo democrático, mas também pode ser uma forma de liberar o antissemitismo que tantos procuram disfarçar. O pouco simpático primeiro-ministro canaliza ódios nada secretos. Seu nome é usado como sinônimo de judeu. É, obviamente, má fé intelectual. A campanha para neutralizar o programa nuclear bélico iraniano tem sido apoiada por todos os líderes oposicionistas e pela opinião pública, mesmo a parcela bem considerável que abomina Netanyahu.

Ele é meu “adversário político político, mas a decisão de atacar o Irã nesse momento foi a correta. O país inteiro está unido nesse momento, quando enfrentamos um inimigo comprometido com nossa destruição”, escreveu no Jerusalem Post o líder do maior bloco oposicionista no parlamento, Yair Lapid.

“Não existe nenhum outro país da ONU que declare explicitamente que deseja destruir outro país. Só o Irã”, disse Lapid, resumindo uma reação comum, independentemente das preferências partidárias.

Uma pesquisa feita nos primeiros dias da operação contra o Irã mostrou mais de 70% de aprovação. Apenas 14% eram contra. Até as famílias de reféns ainda em poder do Hamas que são pelo fim da guerra em Gaza – existe também uma ala de familiares a favor – não ficaram contra a campanha no Irã, embora manifestem o temor de que seus parentes sejam esquecidos diante de uma dinâmica muito maior. Sem contar os mísseis que têm matado israelenses diariamente.

Outros líderes oposicionistas, como Benny Gantz e Avigdor Lieberman, também já expressaram apoio. Galit Baharav-Miara, a procuradora-geral que Netanyahu vinha tentando derrubar, participou de uma reunião do gabinete.

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E COMO ACABA?

Nenhuma dessas personalidades políticas vai se tornar fã de Netanyahu – “Ele tem que cair, mas não agora”, disse Lapid -, embora todas concordem que os interesses nacionais estão acima de tudo. E todos sabem que o longo braço do Irã esteve por trás dos movimentos que pretendiam encurralar Israel: a transformação do Hezbollah na força preponderante do Líbano, a superação das divergências religiosas entre sunitas e xiitas para propelir o Hamas em Gaza e na Cisjordânia, a custosa opção pelo regime sírio de Bashar Assad, a criação de milícias xiitas no Iraque.

Cada uma dessas peças no grande tabuleiro regional caiu ou foi consideravelmente enfraquecida, a ponto de levar as autoridades israelenses a julgar ter chegado o momento para atingir o grande patrocinador das forças que querem derrotar o Estado judeu ou, idealmente, varrê-lo do mapa, como seguidamente proclamam.

A operação contra o Irã é a mais arriscada que Israel já fez em sua história moderna. E também a mais ousada, Nunca houve um conflito iniciado com a morte em massa dos principais comandantes militares – a campanha contra o Hezbollah, guiada pelo mesmo princípio, empalidece diante do que está sendo feito no Irã.

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Como em qualquer guerra, a pergunta comum é: como acaba?

As respostas são todas complicadas. Na falta de um acordo político ou daquilo em que muitos pensam, mas poucos, oficialmente falam – mudança de regime -, Israel não pode dar o assunto por encerrado uma vez que considere o programa nuclear bélico do Irã devidamente arrasado – ou pelo menos atrasado em vários anos.

Enquanto tiver recursos, o regime iraniano vai usá-los contra Israel, agora ou no futuro. É uma forma de garantir sua própria sobrevivência. Ser visto como uma entidade fraca, incapaz de levantar um único avião do solo ou de impedir que seus generais sejam riscados do mapa um a um, não é um elemento favorável no jogo eterno de quem manda mais. Poderia até acontecer o oposto dos prognósticos otimistas, e uma ala da linha mais dura ainda tomar o poder.

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MENTALIDADE APOCALÍPTICA

Em que momento os Estados Unidos vão interferir mais consideravelmente? A política de Donald Trump tem sido de deixar os israelenses agir e a dos iranianos de não arrastar os americanos para o conflito – o que seria de uma estupidez fenomenal, mas é preciso levar em conta a mentalidade apocalíptica, literalmente dos líderes políticos mais dominados por visões religiosas.

Esta corrente tem até um nome, que poderia ser traduzido como os “apressacionistas”: sonham em viver a chegada do Mahdi, o messias muçulmano que reinará no fim dos tempos. E são a favor de tudo que apresse este momento escatológico, daí sua designação. Os mais fanáticos costumam deixar um lugar livre à mesa, contando com a iminente presença do messias. O ex-presidente Mahmoud Ahmadinejad era dessa linha.

Dá para imaginar o que é ter inimigos assim. “Fomos à guerra pelo único motivo que justifica a guerra – não tínhamos escolha”, escreveu Yair Lapid.

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Benjamin Netanyahu obviamente sabe que pode sair redimido dessa guerra, depois do inominável fracasso que foi o ataque do Hamas em 7 de outubro, ou relegado a um lugar pior ainda do que a cadeia – o de homem que levou Israel a uma situação de alta vulnerabilidade, à sombra de um Irã que só pensaria na vingança,

Mas, no momento, é no Irã em que houve alguns gritos de “morte ao ditador”, segundo vídeos não verificados . A referência era ao aiatolá Ali Khamenei.

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