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Governo Netanyahu decide fechar rádio militar em Israel

O governo do primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu decidiu nesta segunda-feira, 22, avançar com o fechamento da Army Radio, uma das emissoras mais tradicionais e influentes de Israel, em uma medida que críticos classificam como mais um ataque à democracia e à liberdade de imprensa no país.

A decisão foi aprovada pelo gabinete e prevê o encerramento da rádio até março de 2026. O argumento oficial é preservar o caráter apartidário das Forças Armadas, já que a emissora, apesar de vinculada ao Exército, mantém programação voltada também ao público civil.

A proposta partiu do ministro da Defesa, Israel Katz, que afirmou que a rádio se distanciou de sua missão original — a comunicação com soldados — e passou a dar espaço a opiniões que, segundo ele, “atacam o Exército israelense e seus próprios militares”. Para Katz, uma emissora operada pelas Forças Armadas com alcance nacional não se enquadra nos padrões de uma democracia moderna.

Durante a reunião do gabinete, Netanyahu reforçou o discurso e fez uma comparação controversa. “Acho que uma rádio operada pelo Exército que transmite para civis existe na Coreia do Norte e talvez em poucos outros países — e certamente não queremos estar nessa lista”, afirmou o premiê.

Fundada nos primeiros anos do Estado de Israel, a Army Radio se consolidou como uma das principais fontes de informação do país e é uma das duas únicas emissoras públicas financiadas pelo Estado, ao lado da rede KAN, que reúne canais de televisão, rádios e uma plataforma digital. Ambas são formalmente dotadas de independência editorial.

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O anúncio provocou reação imediata de organizações ligadas à imprensa e à sociedade civil. Anat Saragusti, responsável pela área de liberdade de imprensa do Sindicato dos Jornalistas de Israel, afirmou que a iniciativa integra uma estratégia mais ampla do governo para restringir vozes críticas. “Eles querem uma mídia obediente. Não querem uma mídia crítica”, declarou durante uma conferência realizada neste mês em Tel Aviv.

O Israel Democracy Institute (IDI), centro de estudos independente, alertou que o fechamento da Army Radio representaria, na prática, a eliminação de metade da cobertura jornalística pública e independente do país. A instituição defendeu que uma decisão dessa magnitude seja submetida ao Parlamento e amplamente debatida.

A medida se insere em um contexto mais amplo de iniciativas da coalizão de direita liderada por Netanyahu, que inclui projetos para ampliar poderes emergenciais do governo na restrição a veículos de comunicação considerados ameaças à segurança nacional, além de uma reforma estrutural do mercado de mídia. Essa legislação já foi utilizada para banir a atuação da emissora pan-árabe Al Jazeera em Israel durante a guerra em Gaza.

Projetos controversos que haviam sido suspensos ao longo dos dois anos de conflito começaram a ser retomados à medida que Israel se aproxima de um novo ciclo eleitoral. O cenário político é agravado pela tentativa de Netanyahu de obter um perdão judicial inédito, enquanto responde a processos por corrupção, acusações que o primeiro-ministro nega.

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