O Ministério da Fazenda reconheceu que o pé no freio na economia foi mais pesado do que o esperado pelas projeções do Boletim MacroFiscal de julho, mas continua sustentando que a economia vai crescer 2,5% em 2025. Em nota técnica divulgada nesta terça-feira, na sequência da divulgação do PIB, a Secretaria de Política Econômica (SPE) afirma que a expansão, embora positiva, “ocorreu em ritmo mais acentuado do que o previsto”, mas ficou em linha tanto com a mediana das expectativas de mercado (2,2%) quanto com a projeção oficial da área econômica.
Em julho, a SPE já esperava alguma perda de ritmo, mas a desaceleração foi mais forte do que o esperado, tanto no dado interanual (2,2% contra os 2,5% projetados) quanto no acumulado em quatro trimestres (3,2% contra 3,5%).
Na análise por setor, a Fazenda destacou que a indústria perdeu força, com alta de 1,1% contra 2,4% no primeiro trimestre, refletindo “desaceleração na construção e recuo na produção de eletricidade e gás em função do menor consumo e acionamento de bandeiras tarifárias”. Já a agropecuária manteve expansão robusta de 10,1% na comparação anual, apoiada pela maior produção de milho 2ª safra, soja, arroz, algodão e café. Os serviços avançaram 2,0%, levemente abaixo dos 2,1% do trimestre anterior.
Pela ótica da demanda, o consumo das famílias perdeu ritmo, com crescimento de 1,8% após 2,6% no primeiro trimestre. “Essa desaceleração está associada ao menor ritmo de expansão interanual da massa de rendimentos e das concessões de crédito”, avaliou a SPE. O consumo do governo também caiu, passando de 1,1% para 0,4%. O investimento (FBCF) cresceu 4,1%, menos da metade da expansão de 9,1% registrada entre janeiro e março.
No setor externo, houve melhora relativa: as exportações cresceram 2,0%, acima dos 1,2% do trimestre anterior, enquanto as importações desaceleraram de 14,0% para 4,4%.
Perspectivas
A SPE manteve a projeção de crescimento de 2,5% para 2025, mas reconheceu que há riscos de revisão para baixo. “Embora a expectativa inicial seja de leve desaceleração na margem no terceiro trimestre, a estimativa de crescimento de 2,5% para 2025 tem leve viés de baixa devido à desaceleração mais acentuada do crescimento no segundo trimestre comparativamente ao esperado”, diz a nota técnica.
Segundo o órgão, o cenário ainda conta com fatores de sustentação, como o pagamento de precatórios e a expansão do crédito consignado ao trabalhador, além da resiliência do mercado de trabalho. Por outro lado, a alta dos juros bancários, a desaceleração das concessões de crédito e o aumento da inadimplência são vistos como elementos que podem limitar a atividade no segundo semestre.