Os ataques de Israel contra o Irã e a promessa de reação em futuro próximo do Irã sacode desde cedo o mercado internacional de petróleo e já levanta dúvidas sobre um possível repasse para o preço da gasolina no Brasil. Especialistas ouvidos por VEJA citam possíveis impactos, mas divergem sobre a extensão dos efeitos.
Na noite de quinta-feira, 12, no Brasil – manhã desta sexta, 13, no Oriente Médio – Israel lançou uma série de ataques contra o Irã, e matou o chefe da Guarda Revolucionária iraniana. O ministro da Defesa israelense, Israel Katz, afirmou esperar uma retaliação por parte de Teerã. Israel declarou estado de emergência no país e a população foi alertada a buscar abrigo seguro.
Os ataques desencadearam um movimento de fuga para ativos de proteção, fazendo o dólar disparar, o petróleo saltar e as bolsas globais afundarem. “O preço do petróleo futuro já está explodindo. Irã é um grande produtor, com peso relevante no mercado global. Quando entra em conflito, especialmente com acusações contra os Estados Unidos e Israel, a cotação sobe”, afirma Daniel Teles, sócio da Valor Investimentos. Ele diz que os contratos futuros de petróleo acumulam alta superior a 7%, o que pode pressionar os preços dos combustíveis.
Jason Vieira, economista-chefe da Levante, adota uma posição mais cautelosa. “A resposta mais simples é: não sabemos. O Irã, apesar de relevante, enfrenta uma série de sanções que limitam sua exportação. O risco maior seria uma eventual ameaça ao Estreito de Hormuz, uma rota estratégica do comércio de petróleo”, afirma.
Um eventual bloqueio do Estreito de Hormuz é a grande preocupação global nesse momento. Se o conflito se manter ou se estender à rota estreito, o risco inflacionário global (e de combustível) pode se intensificar.
No Brasil, o impacto tende a ser atenuado pela forma como os preços são definidos. “Não temos uma política de preço que segue com a mesma velocidade os movimentos do mercado internacional. Pode ser que essa oscilação passe sem impacto direto, dependendo dos próximos desdobramentos”, diz Vieira.