O número de empresas listadas na B3 diminuiu neste ano, retornando ao patamar de 2021. O movimento reflete a desvalorização enfrentada por diversas companhias e a opção de muitas por fusões e reestruturações, pressionadas por um ambiente de negócios mais desafiador.
Após o forte ciclo de IPOs (ofertas públicas iniciais de ações, na sigla em inglês) que marcou 2021, o mercado perdeu fôlego. Desde então, o total de companhias com ações negociadas encolheu de forma gradual: eram 398 no início de 2022, caíram para 371 no ano passado e, atualmente, somam 358 listadas.
Em 2025, a B3 registrou mudanças relevantes em seu quadro de empresas. O Carrefour se despediu da bolsa brasileira, seguindo determinação de sua controladora na França, enquanto a fusão entre Marfrig e BRF, uma das maiores operações do ano, resultou na criação da MBRF, que passou a concentrar as atividades das duas companhias.
Esse número pode encolher ainda mais nos próximos meses. O Banco BTG anunciou recentemente a incorporação do Banco Pan, por meio de uma troca de ações. Com isso, o Pan deixará de ser listado na bolsa. A Gol também avalia sair da B3 em meio ao processo de reestruturação, com planos de abrir capital no exterior. Em ambos os casos, as empresas buscam maior eficiência operacional, simplificação de estrutura e aproveitamento de sinergias.
Outras negociações em andamento também podem reduzir o número de companhias listadas. O Fleury, por exemplo, está em tratativas para ser adquirido pela Rede D’Or, o que resultaria em mais uma saída da bolsa.
Para Maiara Madureira, sócia das áreas de companhias abertas e mercado de capitais do Demarest Advogados, o movimento de deslistagem é, em parte, consequência natural do cenário econômico atual. “As companhias acabam se deslistando em busca de redução de custos. A alteração das regras de OPAs, com a edição da Resolução CVM 215, que entrou em vigor no início deste mês, facilitou essas saídas, reduzindo a complexidade e os custos em algumas situações”, explica Maiara.
Ainda segundo ela, empresas que deixam a bolsa perdem o acesso ao mercado de capitais via emissão de ações. “Muitas delas ainda conseguem captar recursos por meio de emissão de dívidas. Esse é um movimento pendular, bastante comum no Brasil. Quando o cenário melhorar, veremos um novo ciclo de listagens”, conclui.