Fala, pessoas!
Se tem uma coisa que eu gosto de fazer no fim de semana é churrasco. Carvão aceso, conversa solta, cerveja gelada e aquele clássico que nunca falta na grelha: frango a passarinho. Crocante por fora, suculento por dentro, e com um tempero que dá briga boa na família.
Mas esses dias, enquanto eu preparava os cortes, alguém soltou:
“Ei, Noslen… esse frango aí leva crase?”
Foi o suficiente pra eu largar o pegador e começar numa explicação que foi quase uma aula à beira da churrasqueira (com direito a farofa e gramática ao mesmo tempo).
Afinal, tem ou não tem crase em “frango a passarinho”?
Resposta rápida: não tem.
Resposta completa: não tem, e vou te contar por quê.
A gente só usa crase quando há a fusão de duas letrinhas: a preposição “a” + o artigo definido “a”.
Mas “passarinho” é palavra masculina. E como não dá pra fundir “a” com “o”, não rola crase.
“Ah, mas e se for à moda do passarinho?”
Pois é, até poderia, mas aí a gente teria que imaginar que o passarinho inventou esse corte frito e temperado, o que, convenhamos, seria no mínimo poético (e um tanto quanto improvável).
Agora, se fosse um filé à parmegiana, aí sim entraria a crase, porque é uma forma reduzida de “à moda de Parma”.
Ou bacalhau à portuguesa → “à moda de Portugal”.
Ou até mesmo um texto à Camões → “à moda de Camões”.
Mas no caso do frango a passarinho, não tem moda, não tem homenagem, não tem feminino.
Só tem frango, óleo quente e uma gramática de respeito.
Então anota aí:
- Frango a passarinho: sem crase, mas com muito sabor e de preferência na churrasqueira.
E da próxima vez que alguém vacilar na hora de escrever o cardápio do churrasco, você já tem argumento, e ainda sai parecendo especialista em duas coisas: língua portuguesa e churrasco.
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Vamos que vamos!
Professor Noslen Borges
Revisão textual: Profª. Ma. Glaucia Dissenha