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França: premiê convoca voto de confiança em manobra arriscada para aprovar orçamento

O primeiro-ministro da França, François Bayrou, afirmou nesta segunda-feira, 25, que submeterá a si mesmo a um voto de confiança no Parlamento em 8 de setembro, em uma manobra política para tentar aprovar cortes no orçamento do governo. Se sobreviver à moção, significa que tem apoio suficiente no legislativo, que comanda com minoria. Do contrário, será automaticamente derrubado do cargo.

O político de centro-direita reconheceu que era uma aposta arriscada convocar a votação em um Parlamento muito fragmentado. “Mas é ainda mais arriscado não fazer nada”, afirmou em entrevista coletiva em Paris, referindo-se ao enorme déficit fiscal da França, segundo ele, o “maior perigo que o país enfrenta hoje”.

O voto de confiança, disse Bayrou, avaliará se existe apoio no Parlamento para a aprovação de cortes da ordem de 44 bilhões de euros (aproximadamente R$ 277,5 bilhões) no orçamento, enquanto seu governo luta para controlar o déficit que atingiu 5,8% do PIB francês no ano passado — quase o dobro do limite oficial para países-membros da União Europeia, de 3%.

“Enfrentamos um perigo imediato, que precisamos enfrentar. Caso contrário, não teremos futuro”, disparou o premiê sobre o peso da dívida, acrescentando que o foco da moção no Parlamento vai se concentrar no assunto.

Fragmentação no legislativo

Com seu anúncio nesta segunda-feira, Bayrou também de adiantou em relação à oposição, que planejava convocar uma moção de desconfiança contra seu governo devido aos planos orçamentários. O presidente do partido de extrema direita Reagrupamento Nacional, Jordan Bardella, afirmou mesmo assim que o primeiro-ministro decretou “o fim de seu governo”.

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“O Reagrupamento Nacional jamais votará a favor de um governo cujas decisões estão fazendo o povo francês sofrer”, escreveu ele no X (ex-Twitter.

Marine Le Pen, principal figura da sigla extremista, adiantou que o Reagrupamento Nacional vai votar contra Bayrou – assim como o Partido Verde e a legenda de extrema esquerda França Insubmissa. Assim, os votos dos legisladores do Partido Socialista, de centro-esquerda, serão decisivos para a sobrevivência de Bayrou. Caso os socialistas se alinhem com a oposição, haverá votos suficientes para derrubar o premiê.

O voto de confiança ocorrerá apenas dois dias antes de uma manifestação popular organizada com apoio de partidos de esquerda e alguns sindicatos. A convocação para protestos gerais em 10 de setembro gerou comparações imediatas com os atos dos “gilets jaunes“, ou coletes amarelos, que eclodiram em 2018 em reação ao aumento dos preços dos combustíveis e a escalada inflacionária e se tornaram um movimento mais amplo contra o presidente francês, Emmanuel Macron, e suas propostas de reforma econômica.

Neste ano, Bayrou propôs uma série de medidas para enxugar a máquina pública, incluindo o congelamento dos salários de funcionários públicos e das aposentadorias durante o ano de 2026, a  eliminação de dois feriados nacionais e a paralisação de investimentos em assistência social. O pacote é rejeitado por 84% dos franceses, segundo uma pesquisa da Odoxa para o jornal Le Parisien.

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