O telescópio espacial James Webb registrou uma imagem impressionante de um fenômeno raro no universo: duas estrelas gigantes, em fim de vida, envoltas em uma espiral de poeira cósmica. A estrutura, conhecida como nebulosa Apep, está localizada a milhares de anos-luz da Terra e foi captada com riqueza de detalhes pelo instrumento mais poderoso já enviado ao espaço.
A aparência da nebulosa lembra uma serpente enrolada em si mesma — o que inspirou seu nome, Apep, uma referência à divindade egípcia associada à destruição. Mas o que parece um espetáculo visual é, na verdade, um sinal de que essas estrelas estão próximas do colapso, prestes a explodir em supernovas.
Como essa espiral se forma?
As duas estrelas da nebulosa Apep são do tipo Wolf-Rayet, uma classe extremamente rara e violenta. Elas estão entre as mais massivas e quentes do universo, e passam por uma fase curta e instável antes de morrer. Nesse estágio final, liberam ventos estelares muito intensos, que colidem entre si e geram uma enorme quantidade de poeira.
Essa poeira é lançada para o espaço e, com o movimento orbital das estrelas, vai sendo enrolada em formato de espiral, como se fosse água saindo de um irrigador. A nova imagem revela ainda conchas concêntricas de poeira ao redor do sistema, formadas por episódios sucessivos de liberação de material.

Uma terceira estrela entra na dança
Além das duas estrelas centrais, os astrônomos descobriram indícios de uma terceira estrela no sistema. A presença desse novo astro foi deduzida por um “entalhe” nas camadas de poeira — como se algo estivesse escavando o material por dentro. Isso confirma que a nebulosa Apep é um sistema triplo, ainda mais complexo e raro.
A interação entre essas estrelas cria um ambiente ideal para a formação de poeira rica em carbono, que viaja pelo espaço e contribui para a composição de planetas e até de seres vivos. Parte do carbono que compõe o corpo humano pode ter se originado em sistemas como esse.
Além de mostrar um espetáculo visual fascinante, a imagem da nebulosa Apep ajuda os cientistas a entender melhor como ocorrem as últimas fases da vida das estrelas mais massivas, como se formam supernovas e como os elementos essenciais à vida são espalhados pelo universo.