Um pequeno mamífero peludo que vive entre rochas e costuma passar despercebido; o hyrax, também conhecido como dassie; acaba de protagonizar uma descoberta inusitada. Pesquisadores da Universidade Nelson Mandela, na África do Sul, identificaram o primeiro registro fóssil conhecido de um animal que arrastou o traseiro pelo chão, um rastro deixado na areia há cerca de 126 mil anos e preservado até hoje.
O achado foi descrito na revista científica Ichnos e se soma a quase 400 sítios fossilizados identificados na costa sul-africana, datados entre 400 mil e 11 mil anos atrás. Entre pegadas, trilhas e marcas de antigos animais, uma se destacou: duas linhas paralelas com uma elevação central, interpretada como o rastro deixado pelo arrasto das nádegas de um hyrax.

Como se forma um “rastro de bumbum”
Os cientistas analisaram o local com técnicas de fotogrametria 3D e luminescência óptica estimulada, que determina quando os grãos de areia foram expostos à luz pela última vez. O resultado: um sulco de 95 centímetros de comprimento e 13 de largura, com cinco marcas paralelas e uma saliência no centro, possivelmente fezes fossilizadas.
Outras hipóteses, como a de um animal maior arrastando uma presa, foram descartadas. Nenhum rastro de patas foi encontrado, e o formato da marca coincide com o hábito moderno dos hyraxes, que às vezes se esfregam no solo, deixando rastros semelhantes em regiões arenosas.
Um fóssil inédito e… divertido
Além de curioso, o achado é único na paleontologia: é o primeiro registro conhecido de um “arrasto de bumbum” fossilizado. Também é a primeira vez que pegadas ou marcas de hyraxes são identificadas no registro fóssil.
Esses animais, parentes distantes dos elefantes e das vacas-marinhas, são encontrados em regiões rochosas e deixam outros tipos de vestígios peculiares. Suas fezes e urina, ricas em cálcio, se acumulam e se solidificam ao longo de milhares de anos, formando depósitos conhecidos como urolitos e coprólitos, ambos estudados como fósseis.