Pelo quarto dia consecutivo, a Serra de São José continua a queimar, sem trégua, em Minas gerais. O fogo começou no domingo à noite, alastrando-se em área de proteção ambiental, fechada, e de difícil acesso. O incêndio foi provocado por alguma atividade humana, segundo as autoridades. O local é muito conhecido pelas trilhas históricas que ligam as cidades de Tiradentes e São João Del Rei, polo turístico e cultural. Mais de noventa brigadistas trabalham na região, como apoio de helicóptero, agora para evitar que o fogo chegue as áreas de moradia das cidades. Calcula-se que o inêndio tenha consumido o equivalente a mil campos de futebol até o momento.
A Serra de São José tem alta relevância ambiental: abriga diversos biomas — remanescentes de Mata Atlântica, cerrado e campos rupestres. É parte de um mosaico de unidades de conservação com cerca de 4.758 hectares de áreas protegidas sob diferentes categorias (APA, Refúgio de Vida Silvestre, Área Especial) geridas pelo Instituto Estadual de Florestas. A serra abriga quase metade das espécies de libélulas de Minas Gerais, cerca de 18% das existentes no Brasil. Entre as mais raras, a libélula Heteragrion tiradentense, endêmica na região e ameaçada de extinção.
O local também é reduto de orquídeas nativas raras, como a Cattleya caulescens, que costuma crescer me rochas e tem cores que vão do amarelo pálido ao lilás. A região também se impõe como reduto de aves importantes para a conservação como o papagaio-de-peito-roxo, listado como vulnerável. Além da beleza, a ave é destacado dispersor de sementes, considerado um ajudante essencial na regeneração da Mata Atlântica, e sinal de saúde do ambiente em que está inserido. Essas espécies reforçam a importância da serra como um refúgio de biodiversidade única em Minas Gerais, especialmente por abrigar fauna e flora associadas tanto ao Cerrado quanto à Mata Atlântica.
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+https://veja.abril.com.br/agenda-verde/brasil-queimou-mais-vegetacao-nativa-do-que-area-de-pastagem-em-2024/