Com um sucesso de bilheteria milionário antes mesmo de sua estreia oficial, a nova produção de Kleber Mendonça Filho chegou aos cinemas brasileiros nesta quinta-feira, 6 de novembro. O Agente Secreto é um thriller político que se passa no Recife dos anos 1970 e se tornou um dos títulos mais aguardados de 2025, com grandes apostas para entrar na disputa do Oscar 2026.
Protagonizado por Wagner Moura, o filme acompanha a história de Marcelo, um professor especializado em tecnologia que decide fugir de seu passado sombrio e violento e se muda de São Paulo para Recife na tentativa de recomeçar sua vida — tudo isso no ano de 1977, em plena ditadura militar. Envolvida por uma atmosfera misteriosa e cheia de segredos ocultos, a trama retrata a chegada do homem na capital pernambucana durante a semana do Carnaval, que logo dá lugar a acontecimentos obscuros que levam Marcelo a perceber que está sendo procurado e espionado pelos próprios vizinhos. De maneira inesperada, o homem se vê diante de uma verdadeira emboscada no novo longa, que já tem sido considerado o “filme brasileiro do ano”.
A questão que não quer calar entre os cinéfilos assíduos é: O Agente Secreto é baseado em uma história real? Apesar de retratar um cenário bastante convincente, com diversas referências a elementos da cultura e história brasileiras e lendas urbanas populares, o filme se trata de uma obra fictícia, ambientada dentro do contexto histórico real do regime militar brasileiro. A obra evidencia elementos que marcaram esse período de repressão, assolado por vigilância constante, desaparecimentos e medo — alguns dos sentimentos centrais explorados no longa.
A produção de Mendonça Filho é, no cerne, uma mistura de thriller e memória política, mas não se compromete a reivindicar o retrato de um caso real específico ou personagens existentes. É uma ficção que dialoga diretamente com o cenário político do Brasil, a partir da construção de uma ambientação real como pano de fundo da narrativa, uma história reinventada para refletir o momento presente.
Ainda que não seja baseado em fatos reais, o filme traz analogias bastante próximas à realidade, como o caso da personagem Cleide, uma mulher que reside em um prédio de luxo e acaba deixando o filho de sua empregada doméstica sozinho. Negligenciado pela patroa da mãe e sem supervisão, o menino morre atropelado após sair para a rua sem supervisão.
No filme, Cleide chega ao depoimento como uma vítima que apenas se descuidou, sem assumir qualquer responsabilidade pela morte da criança. A trama fictícia lembra o caso real do menino Miguel Otávio Santana da Silva, de 5 anos, que faleceu após cair do nono andar de um prédio de luxo no Cais de Santa Rita, no Centro do Recife, enquanto sua mãe, a então empregada doméstica Mirtes Renata Santana de Souza, passeava com o cachorro de Sari Mariana Costa Gaspar Corte Real, patroa que deixou o menino sozinho. O caso, ocorrido em junho de 2020, ainda está em tramitação e a responsável pela morte de Miguel ainda segue em liberdade.
Acompanhe notícias e dicas culturais nos blogs a seguir:
- Tela Plana para novidades da TV e do streaming
- O Som e a Fúria sobre artistas e lançamentos musicais
- Em Cartaz traz dicas de filmes no cinema e no streaming
- Livros para notícias sobre literatura e mercado editorial