O jornalista e subsecretário de Assistência Social do Rio, Leo Lupi, acaba de assumir a presidência do PDT carioca. Ele substitui Augusto Ribeiro, que comandou o diretório por dez anos e decidiu deixar o posto. Ribeiro foi secretário de Trabalho de Eduardo Paes nos dois primeiros mandatos do prefeito. Na nova composição, a secretária de Assistência Social, Martha Rocha, ocupa a vice-presidência.
Filho do presidente nacional da legenda, Carlos Lupi, Leo defende a renovação do partido no Rio sob o lema “Renovar o trabalhismo pelo Rio”. Em entrevista a VEJA, ele fala sobre o desafio de equilibrar tradição e modernidade, as críticas ao pai no episódio do INSS e o futuro do brizolismo.
Você acaba de assumir a presidência do PDT no Rio sob o lema de “renovar o trabalhismo”. O que significa, na prática, essa renovação?
Sobre assumir a presidência do partido no Rio, vejo dois simbolismos que não se contradizem, mas representam um desafio: preservar o legado e, ao mesmo tempo, trazer renovação. Meu nome carrega a continuidade de um projeto que vem desde Brizola, passando pelo meu pai, que foi braço direito dele. Mas também represento a diversidade — sou um jovem de 28 anos, LGBT, e quero abrir espaço para novas vozes. Já fizemos uma renovação de mais de 40% do diretório, com jovens, mulheres, pessoas trans e LGBTs. E criamos um conselho político com figuras históricas como Martha Rocha, Miro Teixeira e Paulo Ramos. O objetivo é respeitar a tradição e, ao mesmo tempo, modernizar o PDT.
Além de comandar o PDT carioca, você é subsecretário municipal de Assistência Social. Pretende se candidatar em 2026?
Considero fundamental que o PDT não fique para trás nesse processo de renovação. Há nomes jovens ocupando espaços importantes em várias legendas e também na prefeitura. Eu estou à disposição do partido e, caso seja a vontade coletiva, posso sim colocar meu nome para disputar uma cadeira em 2026.
A secretária Martha Rocha, sua chefe na pasta, tem ocupado com frequência a cadeira na Alerj. Isso abre mais espaço para você dentro da secretaria?
Ela se licencia apenas em votações importantes, o que não muda a rotina da secretaria. O ritmo do trabalho segue o mesmo.
Seu pai, Carlos Lupi, é presidente nacional da legenda. Você pretende seguir os passos dele ou quer ser reconhecido por seus próprios ideais?
Meu desafio é conciliar a preservação do legado com a necessidade de renovação. O PDT é um partido histórico, mas não pode ficar preso ao saudosismo. Tenho orgulho da trajetória do meu pai, não me incomoda a associação, mas quero imprimir minha marca e personalidade. Sei também que isso vem com o tempo.
O INSS, órgão que ele comandava como Ministro da Previdência, foi alvo recentemente de escândalos envolvendo fraudes. De que forma esse caso impactou a imagem do partido no Rio e no cenário nacional?
É importante dizer que não houve nenhuma acusação contra Carlos Lupi. O INSS é uma autarquia federal com servidores de carreira e autonomia administrativa. O que houve foi uma tentativa de atribuir a ele uma suposta omissão, mas vejo como pressão política da oposição. As investigações mostram que as fraudes começaram lá atrás, na época do Temer. Nessa lógica, ministros anteriores poderiam ter feito algo, mas nada fizeram.
O brizolismo ainda está vivo no Rio? Se sim, quem o representa hoje?
O brizolismo já foi a grande força política do estado, mas sofreu desgastes ainda em vida de Brizola, com rupturas de aliados como César Maia e Garotinho. Hoje não há nenhum familiar dele com mandato, mas o PDT mantém sua memória viva. Martha Rocha, candidata à prefeitura em 2020, defendeu a bandeira da educação integral, e Rodrigo Neves disputou o governo evocando o legado de Brizola e Darcy Ribeiro. Nas redes sociais, é recorrente a lembrança de que Brizola foi o último grande governador do Rio — e é essa memória que o partido pretende preservar no debate político.