A Justiça argentina determinou prisão domiciliar para a filha de um ex-oficial nazista e seu marido nesta segunda-feira, 1, em meio às investigações sobre o paradeiro de um quadro roubado durante a Segunda Guerra Mundial. A medida ocorreu após uma batida na residência do casal, localizada em Mar del Plata, depois que o jornal holandês Algemeen Dagblad identificou a obra em uma fotografia publicada em um anúncio imobiliário. Apesar da operação, o retrato não foi localizado.
Trata-se de um retrato da Condessa Colleoni, do artista italiano Giuseppe Ghislandi, que havia sido confiscado da galeria do comerciante de arte judeu Jacques Goudstikker em Amsterdã durante a ocupação nazista. O quadro desapareceu por mais de oito décadas: o último registro datava de 1946, quando esteve em posse de Friedrich Kadgien, pai de Patricia, funcionário do governo nazista que fugiu para a América do Sul após a queda de Adolf Hitler.
De acordo com o periódico holandês, o achado foi acidental. Jornalistas identificaram a obra em fotos de uma casa à venda pelo corretor Robles Casas & Campos, no bairro Parque Luro, em Mar del Plata. Na imagem, o retrato podia ser visto acima de um sofá verde. Ao vistoriarem o imóvel, as autoridades constataram que o quadro havia sido retirado e que a parede estava coberta por uma peça de tapeçaria.
Patricia Kadgien e seu marido permanecerão em prisão domiciliar por 72 horas e deverão prestar depoimento sobre suposta obstrução à investigação. Eles devem ser ouvidos até quinta-feira e podem responder pelo crime de “ocultação de roubo em contexto de genocídio”. No mesmo dia, quatro novas buscas foram realizadas em endereços ligados à família Kadgien, resultando na apreensão de duas outras pinturas possivelmente do século XIX.
Após a queda do Terceiro Reich, diversos oficiais nazistas de alto escalão se refugiaram na América do Sul, levando consigo obras de arte saqueadas.
