O influenciador digital e economista Paulo Figueiredo se mostrou indignado com a decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), de dá-lo por notificado no caso da ação sobre uma tentativa de golpe de estado e determinar que ele apresente a sua defesa. Em decisão proferida nesta segunda, 30, o ministro usou vídeos em que o influenciador dizia estar “louco para se interrogado” para dizer que, como ele demonstrou “ciência inequívoca” do processo a que responde, poderia já se defender no caso.
Figueiredo é um dos acusados de fazer parte da trama golpista que pretendia manter o ex-presidente Jair Bolsonaro no poder. Ele faz parte do quarto núcleo identificado pela Procuradoria-Geral da República (PGR), mas responde a uma denúncia apartada por ser o único acusado que vive no exterior. A Justiça brasileira não havia o encontrado para notificá-lo formalmente do processo, porém, por conta dos vídeos que ele mesmo publicou nas suas redes sociais, Moraes concluiu que Figueiredo já estava sabendo do processo criminal e que a formalidade estava, de certa forma, “cumprida”.
O influenciador mora nos Estados Unidos há mais de uma década. Ele é neto do ex-presidente da ditadura militar João Figueiredo e, segundo a PGR, teria ajudado a desenhar estratégias de comunicação para dar sustentáculo ao golpe de estado. Nas redes sociais, ele chamou Moraes de “pseudo-juiz”. Sem advogado no processo, Figueiredo é representado pela Defensoria Pública.
“O resto é jeitinho de pseudo-juiz. Agora, eu pergunto: por que tanto medo de mandar uma carta rogatória para os EUA? Lamento, mas terá que fazê-lo. Ou, se quiser me julgar à revelia, fique à vontade — o processo será nulo e seus efeitos serão nulos em qualquer lugar fora do Xandaquistão (inclusive para Interpol). Só fortalece meus pedidos de sanção. E, quando essa farsa inteira cair — e você também — eu volto”, disse o influenciador nas redes sociais nesta segunda.
Figueiredo também disse que tem endereço fixo nos EUA e que bastava a Justiça brasileira ter expedido uma carta rogatória para encontrá-lo. “Estou no mesmo lugar certo e sabido há dez anos. O mesmo lugar em que a Justiça Federal de Brasília me citou em 2020. O mesmo que o Consulado de Miami tem registrado com meus comparecimentos trimestrais por dois anos. O mesmo em que a Justiça Federal do Rio de Janeiro me citou no ano passado. E o mesmo em que você encontra se pedir cooperação às autoridades americanas — ou fizer uma busca no Google”, escreveu no X (antigo Twitter).