Ganhou atenção da mídia americana e de internautas nesta semana o caso de uma faxineira que morreu baleada após tentar entrar na casa errada nos Estados Unidos. A imigrante guatemalteca María Florinda Ríos Pérez, de 32 anos, foi alvejada na cabeça na última quarta-feira, 5 – um episódio que gera incertezas em relação a uma acusação judicial, uma vez que a legislação local sobre legítima defesa permite uso de força para “repelir intrusos”.
María havia sido contratada para limpar uma residência em Whitestown, no estado de Indiana, recebendo as chaves dos clientes para conseguir entrar e realizar a faxina. Aquela seria a primeira vez que a imigrante estaria naquela casa.
Acompanhada do marido, Maurício Velázquez, ela chegou ao que acreditava ser o endereço correto na manhã da última quarta e tentou utilizar as chaves para abrir a porta. De acordo com o irmão da vítima, Rudy Ríos Pérez, foi nesse momento que um tiro atingiu a faxineira na cabeça. As autoridades encontrariam María nos braços de Velázquez, já sem vida.
“Deveriam ter chamado a polícia primeiro, em vez de atirar assim, sem motivo algum”, lamentou Velázquez em entrevista à emissora americana CBS News. O marido de María informou que a faxineira era mãe de quatro filhos e estava nos Estados Unidos legalmente há três anos. “Peço justiça porque a pessoa que fez isso, acredito, não está bem da cabeça”, afirmou, aos prantos.
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Segundo a emissora britânica BBC, a polícia local foi chamada para uma ocorrência de invasão de domicílio, mas identificou que o casal não havia sequer entrado na residência. Momentos mais tarde, a família de María disse ao jornal The New York Times que a casa onde a faxineira deveria trabalhar ficava logo atrás do imóvel onde a tragédia aconteceu.
As pessoas que estavam dentro da casa não foram identificadas, nem o autor do disparo. Em declaração na sexta-feira 7, a polícia afirmou que o episódio era “complexo, delicado e em andamento”, e divulgar os nomes seria “inapropriado e potencialmente perigoso”. A corporação também alertou contra a divulgação de informações falsas sobre o episódio na internet.
O caso foi encaminhado à promotoria do condado de Boone, onde as autoridades responsáveis irão avaliar se possíveis acusações criminais serão apresentadas. No entanto, o promotor Kent Eastwood afirmou que a definição de legítima defesa na legislação estadual torna nebulosa a possibilidade de responsabilização pela tragédia.
Em Indiana, assim como em outros estados americanos, é possível fazer uso da força — inclusive letal — para impedir invasões ou ataques. Nos últimos anos, inclusive, ocorreram episódios semelhantes ao de Whitestown. Apesar de ter a causa de sua morte determinada como homicídio, um comunicado das autoridades locais aponta que tal termo “não deve ser interpretado como uma constatação criminal”.