O assassinato a tiros de um vereador do interior da Paraíba, nessa segunda-feira, 15, reacendeu o urgente debate sobre a violência política no Brasil. O tema é ainda mais urgente porque o país terá, em 2026, uma das mais importantes eleições da história.
Peron Filho (MDB) era vereador na cidade de Jacaraú, a 90 quilômetros de João Pessoa, e integrava o grupo de oposição ao atual governador, João Azevedo (PSB), e ao clã do deputado Aguinaldo Ribeiro (PP). Peron Filho foi alvejado enquanto andava de moto em uma rodovia estadual. O caso é investigado pelas autoridades da Paraíba como tentativa de assalto.
É gravíssimo que mais um detentor de mandato tenha sido morto no país. Há menos de 10 anos, a execução da vereadora Marielle Franco (PSOL) e de seu motorista, Anderson Gomes, chocou o país. Apenas quando terminou o governo de Jair Bolsonaro o crime pode, de fato, ser investigado. Já foram condenados os executores, todos eles com amplo histórico de serviços criminosos. Os acusados de serem os mandantes estão presos – são eles os irmãos Domingos e Chiquinho Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas do Rio e ex-deputado federal.
A situação no Brasil é alarmante e pede medidas urgentes para conter a violência política. Só no Rio de Janeiro, dois políticos são executados por ano, segundo um estudo do pesquisador Huri Paz, da USP, divulgado em 2024. O levantamento apontou 94 assassinados, de 1998 a 2022, no estado –a conta incluiu o homicídio de Marielle Franco, cometido em 2018.
Em 2013, o repórter Leonêncio Nossa publicou uma reportagem especial mostrando que 1.133 pessoas foram assassinadas por motivos políticos no país desde a promulgação da Lei da Anistia, em 1979, até aquele ano.