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Ex-produtor de elenco da Globo analisa mercado de atores influencers

Produtor de elenco de novelas da Globo como Totalmente Demais (2016), Bom Sucesso (2019) e Além da Ilusão (2022), Fabio Zambroni deixou a emissora em 2024, após a finalização do folhetim Terra e Paixão (2023). Como vários profissionais nos últimos anos, ele foi dispensado após uma reformulação da empresa para cortar gastos, mas decidiu dar um novo passo em sua carreira ao abrir a agência de talentos Zambroni Hub Produções Artísticas, que gerencia carreiras de artistas consolidados como Alexandra Richter e Chico Diaz. Em entrevista a VEJA, o agora empresário falou sobre o novo negócio, dos bastidores da Globo e sua opinião sobre a nova geração de atores que também é formada por influenciadores digitais.

Confira:

Como virou produtor de elenco? Eu sou de Volta Redonda, interior do Rio de Janeiro, mas me mudei para a capital com 17 anos de idade. Na minha cidade, eu já fazia teatro, sonhava em ser ator, atuava em peças, e, a princípio, meu objetivo no Rio era a atuação. Depois de chegar, comecei participando de alguns espetáculos de companhias, mas com o tempo comecei a ser procurado para fazer produção de elenco, porque eu conhecia muitos atores, conectava muita gente, então isso foi acontecendo e se transformando naturalmente. Até que em um determinado momento, eu fui convidado para bater um papo na Globo, que quis me contratar para ser produtor de elenco. Aí comecei a produzir para programas na emissora, no Multishow, e outros canais. Fiquei lá por 20 anos.

Nesse tempo, o que destaca como necessário para fazer a escolha certa de cada elenco? Quando começávamos um projeto, o primeiro grande objetivo era entender o que o autor e a direção queriam e como eles funcionavam juntos. Então, dentro desse conceito e em cima da sinopse que eu recebia, eu começava a pensar aquele elenco como um todo e dava as minhas sugestões para entender os caminhos que eles optariam por seguir. Eu acho que a grande sacada de um produtor ou  diretor de elenco é conseguir entender como aquele diretor da novela pensa.

Por que saiu da Globo em 2024? Há algum tempo eu já pensava em outras possibilidades, mas acabava que eu nunca tinha a iniciativa de tomar essa decisão. Quando eu terminei Terra e Paixão (2023), eu já senti um movimento de diminuição de quadro de funcionários. A medida que alguns iam saindo, eu senti que estava na mira, porque eu tinha mais tempo de casa, o meu salário talvez fosse o maior do departamento. Então, acho que foi muito por isso que fui dispensado, mas saí de portas abertas. Eu entendo que a empresa está passando por esse momento de reestruturação, em que a maior parte dos criativos estão ficando como obra certa. Mas foi um caminho natural também.

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Então foi a partir disso que decidiu abrir a sua agência de atores, a Zambroni Hub? Sim, desde que eu saí da Globo, acho que naturalmente muita gente foi me procurando e apontando esse caminho de agenciamento. Eu particularmente nunca tinha pensado ou levado isso muito em consideração porque eu sempre tive muito muito prazer no que eu fazia. Aí quando eu saí, algumas empresas grandes começaram a me sondar e aí uma delas foi a MAP Brasil, que é da Amanda Gomes, que é uma uma amiga querida também, que me chamou para fazer a direção artística do departamento artístico lá da MAP. Na época, vi uma oportunidade de conhecer o outro lado do meu trabalho e aceitei. Com o tempo, gostei da autonomia e depois surgiu a Zambroni Hub aos poucos. Não queria assediar nenhum ator para vir para minha empresa, apenas anunciei que estava abrindo uma agência, e em poucos dias montei um casting com vários artistas que eu já admirava.

Quais são os principais nomes? Desde o primeiro dia tenho comigo Alexandre Richter, Roberto Birindelli, Palomma Duarte, Olivia Araujo, Ju Colombo, Lidi Lisboa, Juliane Trevisol, Angel Ferreira, Sacha Bali, Kiara Felippe, Ana Clara Winter, e vários outros. É uma galera boa para uma empresa tão nova. Chico Diaz entrou recentemente.

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Como tem sido ver o mercado por essa perspectiva nova? Acho que durante todos esses anos que eu estive na Globo, o meu olhar era muito direcionado com com o olhar da empresa, com o que ela desejava, vendo esse esse ângulo. Quando eu saí, depois de 18 anos, acho que inevitavelmente saí com uma insegurança de pensar em como o mercado iria me enxergar. Porque uma coisa era estar ali dentro, protegido. Mas fui descobrindo que esse novo trabalho era muito complementar, apesar de ser inverso. Era uma coisa que eu de alguma forma já fazia, porque eu sempre tive uma relação muito afetiva com os atores. De buscar entender a demanda deles.

Tendo experiência no mercado artístico, como enxerga esse momento em que temos tantas opções fora da TV aberta com tantos streamings? O mercado está ficando cada vez mais democrático de alguma forma, o que é ótimo. Temos possibilidades de criar e produzir coisas com os mais variados orçamentos. Depende muito mais da nossa criatividade agora. Acho que sobre o mercado de cinema, tenho sentido que aqueceu novamente, muito graças também ao Ainda Estou Aqui (2024). As três indicações ao Oscar, a vitória como melhor filme internacional, trouxeram uma sensação de pertencimento do nosso cinema mundialmente. E o mercado de streaming faz com que muitas coisas aconteçam. Acho que ainda tem uma regulamentação importante para ser feita, de taxar os streamings, para que possamos ter mais direitos também, para que os atores sejam mais preservados.

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Como tem enxergado essa nova geração de atores que às vezes começam pela influência digital? Eu enxergo de uma forma natural. O mundo tem mudado a cada década, e a cada ano tem novidade. A internet chegou mudando tudo e com a evolução dela, cada vez mais trazendo outras possibilidades. Acho que essa geração nova já nasce com um chipzinho ali de “eu sei fazer, criar, produzir” e tudo com muita naturalidade. Para a geração anterior já é um exercício maior para conseguir entender como isso funciona e como agrega. Antigamente os modelos viravam atores. É normal. Como no passado, os grandes talentos se destacam e conseguem alcançar o próprio espaço. Os influencers que chegam vão se firmar e e ganhar o seu espaço definitivamente no mercado se tiverem talento.

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