A ex-primeira-dama da Coreia do Sul, Kim Keon Hee, foi presa nesta terça-feira, 13, sob acusações de corrução. Kim é casada com o ex-presidente Yoon Suk Yeol, que sofreu impeachment e está preso por tentar impor uma lei marcial no país para permanecer no poder. Trata-se da primeira vez na história do país que um antigo líder e sua esposa vão parar atrás das grades simultaneamente.
Um tribunal de Seul emitiu o mandado de prisão devido ao suposto risco de Kim adulterar provas do caso, informou a agência sul-coreana Yonhap News . Segundo a Promotoria, ela violou leis do mercado de capitais, de investimentos financeiros e de financiamento político. A ex-primeira-dama é acusada de acumular mais de 800 milhões de wons (cerca de R$ 3,1 milhões) ao manipular os preços das ações da Deutsch Motors, concessionária local da BMW, entre 2009 e 2012.
Além disso, ela teria recebido mais de 270 milhões de wons (R$ 1 milhão) em financiamento político ilegal através de serviços gratuitos de pesquisa de opinião. Com isso, Kim teria influenciado a seleção de candidatos do partido conservador Poder Popular nas eleições suplementares de 2022. A esposa de Yoon também teria aceitado presentes de luxo, como bolsas Chanel, da Igreja da Unificação, por meio de um intermediário xamã, em troca de projetos de desenvolvimento no Camboja. Ela nega todas as acusações.
+ Ex-presidente da Coreia do Sul deita no chão da cela de cueca e regata para evitar interrogatório
Yoon em apuros
Kim permanecerá detida no centro de detenção de Nambu, no sudoeste de Seul, enquanto Yoon está sob custódia no centro de detenção de Seul desde julho. No início deste mês, o ex-presidente protagonizou uma cena inusitada. Ele deitou-se no chão de sua cela, vestindo apenas regata e cueca fornecidas pela prisão, numa tentativa de evitar um novo interrogatório marcado pelo Ministério Público.
A atitude, confirmada por autoridades, levou os promotores a suspenderem temporariamente o uso de força física “por motivos de segurança”. Segundo eles, na próxima convocação será inevitável recorrer à força. A defesa de Yoon acusou os promotores de transformar o caso em um espetáculo de humilhação.
“Que tipo de instituição legal, em um país civilizado, relata em tempo real à imprensa o que um detento está vestindo? Especialmente em uma cela apertada, com temperatura próxima a 40 °C”, criticou o advogado Yoo Jeong-hwa.
Desde que foi afastado do cargo em dezembro de 2024 e teve o impeachment confirmado em abril pela Corte Constitucional, Yoon vem ignorando sucessivas intimações e se recusa a cooperar com os investigadores. A equipe de defesa afirma que ele sofre de condições que “representam desafios significativos para a manutenção de sua saúde”, o que estaria dificultando sua cooperação total com a investigação.
De volta à solitária no Centro de Detenção de Seul após nova ordem judicial, ele enfrenta cinco acusações principais — incluindo falsificação de documentos, obstrução de justiça e tentativa de usar o Exército para impedir sua prisão. Assim como no caso de Kim, a Promotoria alega que há risco concreto de destruição de provas.