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EUA rejeitaram proposta de Maduro de deixar poder na Venezuela em dois anos, diz jornal

Nicolás Maduro propôs ao governo dos Estados Unidos deixar o poder na Venezuela dentro de dois anos, uma oferta recusada pela Casa Branca, segundo reportagem publicada pelo jornal americano The New York Times nesta quarta-feira, 19.

A possibilidade teria sido levantada durante nova rodada de negociações paralelas entre os governos, autorizadas pelo presidente Donald Trump no final de semana. Maduro é presidente da Venezuela desde março de 2013 e foi reeleito nas eleições de julho de 2024 — votação marcada por denúncias e evidências de fraude.

Segundo fontes ouvidas pela reportagem, Trump também aprovou medidas adicionais para pressionar Caracas e preparar tropas para a possibilidade de uma campanha militar mais ampla.

De acordo com o NYT, o presidente americano não tomou decisões sobre qual curso de ação pretende seguir. Militares e diretores da inteligência dos EUA vêm se preparando há semanas para múltiplas opções e o Pentágono avalia ataques a unidades militares próximas a Maduro.

Na terça-feira, Trump disse que não descarta despachar militares para o território da Venezuela, embora tenha sinalizado que está disposto a dialogar. A declaração ocorre em meio à escalada das tensões entre os dois países, reflexo do envio de forças americanas para o Caribe e Pacífico em suposto cerco ao narcotráfico.

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Questionado se excluiria a opção de mandar tropas dos EUA para o solo sul-americano, ele disparou a repórteres na Casa Branca:  “Não, não descarto isso, não descarto nada”. Em seguida, Trump respondeu a outra pergunta sobre a possibilidade de conversar com Maduro, dando sinal positivo: “Provavelmente falarei com ele, sim. Eu falo com todo mundo”, afirmou.

Maduro comentou a declaração do seu homólogo americano. Ele voltou a destacar a importância das diferenças serem resolvidas através da diplomacia, não por vias militares, e demonstrou estar interessado em discutir o assunto pessoalmente com Trump. Na sua participação semanal em um programa da televisão estatal, o líder venezuelano disse que “nos Estados Unidos, quem quiser conversar com a Venezuela conversará, cara a cara, sem nenhum problema”.

No domingo, 16, os Estados Unidos anunciaram que classificarão o Cartel de los Soles — que, segundo a Casa Branca, é liderado por Maduro — como uma Organização Terrorista Estrangeira (FTO, na sigla em inglês). O governo dos EUA oferece uma recompensa de US$ 50 milhões por informações que levem à captura do chefe do regime chavista. No final de outubro, Trump também revelou que havia autorizado a CIA a conduzir operações secretas dentro da Venezuela, aumentando as especulações de que Washington quer derrubar Maduro.

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Tensão no Caribe

O maior porta-aviões do mundo, o USS Gerald R. Ford, destróieres com mísseis guiados, caças F-35, um submarino nuclear e cerca de 6.500 soldados foram despachados para o Caribe. Em paralelo, intensificam-se os ataques a barcos de Organizações Terroristas Designadas no Caribe e Pacífico, com 83 mortos, em atos considerados “execuções extrajudiciais” pela Organização das Nações Unidas (ONU).

Os incidentes geraram alarme entre alguns juristas e legisladores democratas, que denunciaram os casos como violações do direito internacional. Em contrapartida, Trump argumentou que os EUA já estão envolvidos em uma guerra com grupos narcoterroristas da Venezuela, o que torna os ataques legítimos. Autoridades afirmaram ainda que disparos letais são necessários porque ações tradicionais para prender os tripulantes e apreender as cargas ilícitas falharam em conter o fluxo de narcóticos em direção ao país.

Dados das Nações Unidas enfraquecem o discurso de caça às drogas. O Relatório Mundial sobre Drogas de 2025 indica que o fentanil — principal responsável pelas overdoses nos EUA — tem origem no México, e não na Venezuela, que praticamente não participa da produção ou do contrabando do opioide para o país. O documento também aponta que as drogas mais usadas pelos americanos não têm origem na Venezuela — a cocaína, por exemplo, é consumida por cerca de 2% da população e vem majoritariamente de Colômbia, Bolívia e Peru.

Uma pesquisa Reuters/Ipsos divulgada na última sexta-feira, 14, revelou que apenas 29% dos americanos apoiam o uso das Forças Armadas dos Estados Unidos para matar suspeitos de narcotráfico, sem o devido processo judicial, uma crítica às ações de Trump. Em um sinal de divisão entre os apoiadores do presidente, 27% dos republicanos entrevistados se opuseram à prática, enquanto 58% a apoiaram e o restante não tinha opinião formada. No Partido Democrata, cerca de 75% dos eleitores são contra as operações, e 10% são a favor.

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