O assessor econômico da Casa Branca, Kevin Hassett, anunciou nesta segunda-feira, 30, que os Estados Unidos retomarão as negociações comerciais com o Canada após Ottawa descartar o imposto digital a empresas de tecnologia dos EUA. O recomeço das tratativas foi, segundo Hassett, resultado de um apelo do presidente Donald Trump durante a reunião do G7, grupo que reúne os sete países mais industrializados do mundo. O encontro foi realizado há duas semanas na cidade canadense de Kananaskis.
“É algo que eles (governo do Canadá) estudaram, agora concordaram e, com certeza, isso significa que podemos retomar as negociações”, disse Hassett à emissora americana Fox News.
O passo atrás ocorre após Trump encerrar as negociações comerciais com o Canadá na última sexta-feira, 27. Na ocasião, ele afirmou que o imposto era um “ataque flagrante”. No domingo, 29, o republicano aumentou o tom e disse que planejava anunciar uma nova tarifa sobre produtos canadenses na próxima semana.
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Passo atrás
O Canadá interrompeu os planos de começar a cobrar o novo imposto direcionado às empresas de tecnologia americanas a poucas horas do início previsto para esta segunda-feira. Na véspera, o Ministério das Finanças do Canadá já havia adiantado que o primeiro-ministro Mark Carney e Trump voltariam à mesa para as negociações comerciais. Espera-se que cheguem a um acordo até 21 de julho.
O tributo canadense estabelecia uma cobrança de 3% sobre a receita de serviços digitais obtida de usuários canadenses, desde que ultrapassasse US$ 20 milhões anuais (cerca de R$ 108 milhões). O recolhimento seria retroativo a 2022. A taxa afetaria afetaria gigantes da tecnologia dos Estados Unidos, como Amazon, Meta, Google e Apple.
“Obrigado, Canadá, por remover o Imposto sobre Serviços Digitais, que tinha como objetivo sufocar a inovação americana e seria um obstáculo para qualquer acordo comercial com os Estados Unidos”, comemorou o secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, no X, antigo Twitter.
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‘Enxurrada’ de acordos
O secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, reforçou o coro otimista e falou em “uma enxurrada” de acordos comerciais antes de 9 de julho. Se os tratados não forem fechados até a data, as tarifas sobre os produtos canadenses, hoje em 10%, voltarão a subir. O Canadá não é o único na mira, com outras nações correndo contra o tempo para negociar com Washington. Em entrevista à emissora americana Bloomberg Television, Bessent alertou que países podem não receber uma extensão do prazo. A decisão por prorrogar ou não caberá a Trump.
“Temos países negociando de boa-fé, mas eles devem estar cientes de que, se não conseguirmos cruzar a linha porque eles estão sendo teimosos, poderemos retornar aos níveis de 2 de abril”, disse Bessent. “Espero que isso não precise acontecer.”