O Departamento de Defesa dos Estados Unidos confirmou nesta sexta-feira, 24, o envio de um porta-aviões para águas da América do Sul, em meio à escala de operações militares americanas na região. Um dia antes, o presidente Donald Trump disse que pode haver “operações terrestres” contra cartéis da região em breve.
Em publicação nas redes sociais, o porta-voz do Pentágono, Sean Parnell, afirmou que o secretário de Defesa, Pete Hegseth, ordenou que o USS Gerald R. Ford e seu grupo de ataque fossem enviados para “reforçar a capacidade dos EUA de detectar, monitorar e interromper atividades e atores ilícitos que comprometam a segurança e a prosperidade dos Estados Unidos”.
Em paralelo, os EUA também vão despachar o destróier com mísseis guiados USS Gravely para Trindade e Tobago e se unir à nação caribenha para exercícios militares conjuntos perto da costa da Venezuela. O movimento ocorre após Trump anunciar que haverá “operações terrestres” em breve contra cartéis na região. De acordo com o Ministério das Relações Exteriores da nação insular, o navio de guerra americano “realizará treinamentos conjuntos com a Força de Defesa de Trinidad e Tobago” e partirá na próxima quinta-feira, 30.
Mais cedo, o governo americano anunciou também um novo ataque contra um suposto barco de narcotráfico no Caribe, elevando para dez o número de bombardeios a navios na região, deixando 43 mortos. No X, antigo Twitter, Hegseth disse que a embarcação pertencia ao cartel venezuelano Tren de Aragua. A declaração ocorre em meio à crescente tensão militar entre Venezuela e Estados Unidos, resultado do cerco do presidente Donald Trump ao tráfico de drogas no Caribe e no Pacífico.
Com a justificativa de combater o tráfico de drogas originário da Venezuela, os Estados Unidos despacharam oito navios de guerra e um submarino ao Mar do Caribe, além de caças e helicópteros. Atualmente, há 10 mil soldados americanos na região, a maioria em bases em Porto Rico, além de um contingente de fuzileiros navais.
Caracas, por sua vez, acusa o governo Trump de usar a narrativa anti-drogas como cortina de fumaça e planejar uma intervenção para provocar uma mudança de regime no país.
Na semana passada, Trump já havia confirmado que autorizou a CIA a conduzir operações secretas na Venezuela e que seu governo estuda a possibilidade de realizar ataques terrestres contra cartéis de drogas venezuelanos. Ao ser questionado se agentes teriam autoridade para matar Maduro, o presidente americano disse ser “uma pergunta ridícula”, mas afirmou que “a Venezuela está sentindo a pressão”.
A Casa Branca sustenta que ações no Caribe são necessárias para interromper o fluxo de drogas que sai da região em direção aos Estados Unidos. Ao mesmo tempo, porém, monta um cerco à Venezuela e Nicolás Maduro. Indiciado por tráfico de drogas pela Justiça americana em 2020, o líder chavista foi apontado pelo governo Trump como líder do Cartel dos Sóis e teve a cabeça posta a prêmio (US$ 50 milhões).
Em declaração recente, a secretária de Justiça dos EUA, Pam Bondi, informou que foram apreendidos US$ 700 milhões em ativos ligados a Maduro. Em meio a trocas de farpas, o líder venezuelano mobilizou 4,5 milhões de milicianos chavistas em todo o país, apresentando a medida como uma estratégia de segurança. As acusações logo escalaram para uma movimentação militar americana em direção à Venezuela.