O governo dos Estados Unidos designou o Clã do Golfo — atualmente o maior grupo armado ilegal da Colômbia — como organização terrorista. O anúncio foi feito nesta terça-feira, 16, em comunicado divulgado no site do Departamento do Tesouro americano e insere a facção colombiana na lista de alvos prioritários de Washington no combate ao narcotráfico e ao crime transnacional.
Em nota oficial, o secretário de Estado, Marco Rubio, descreveu o Clã do Golfo como uma “organização criminosa violenta e poderosa”, cuja principal fonte de financiamento é o tráfico de cocaína. Rubio também atribuiu ao grupo a autoria de ataques classificados como terroristas em solo colombiano. “Os Estados Unidos continuarão a usar todas as ferramentas disponíveis para proteger nossa nação e impedir campanhas de violência e terror promovidas por cartéis internacionais e organizações criminosas transnacionais”, afirmou.
Segundo a Casa Branca, a medida amplia os custos e as punições para indivíduos, empresas e países que ofereçam qualquer tipo de apoio ao grupo, considerado pelos EUA um dos principais responsáveis pelo tráfico de drogas e de migrantes em direção ao território americano.
A designação aprofunda uma estratégia iniciada nos últimos anos por Washington de enquadrar facções criminosas latino-americanas como organizações terroristas. Em 2024, ainda durante o governo de Joe Biden, os Estados Unidos já haviam imposto sanções aos principais líderes do Clã do Golfo, que passou a se autodenominar Exército Gaitanista da Colômbia numa tentativa de ganhar estatura política.
A decisão americana ocorre em meio às negociações entre o grupo e o governo do presidente colombiano Gustavo Petro, que acontecem no Catar como parte do controverso plano de “paz total” do mandatário de esquerda para encerrar mais de seis décadas de conflito armado no país. O mandato de Petro termina em agosto de 2026.
Segundo o negociador-chefe do governo colombiano, os principais líderes do Clã do Golfo teriam de cumprir penas de prisão em caso de um eventual acordo. Em entrevista recente, ele afirmou que o objetivo das autoridades é tornar os avanços nas negociações “irreversíveis” antes da posse de um novo governo.
Apesar dos esforços para se apresentar como um ator político — à semelhança de antigas guerrilhas colombianas —, o Clã do Golfo não é amplamente reconhecido como um grupo com objetivos políticos claros, o que enfraquece sua posição nas mesas de negociação e agora ganha novo obstáculo com o rótulo de organização terrorista imposto pelos Estados Unidos.