O Departamento de Estado dos Estados Unidos anunciou nesta quinta-feira, 21, que a revisão de registros de mais de 55 milhões de estrangeiros com vistos válidos, em busca de eventuais violações que possam levar ao cancelamento do documento e até à deportação. A movimentação ocorre enquanto o governo do presidente dos EUA, Donald Trump, amplia o cerco contra a imigração.
Segundo a pasta, todos os titulares de vistos estão sujeitos a uma “verificação contínua”, que inclui o cruzamento de informações de imigração, registros criminais, histórico em países de origem e até perfis em redes sociais. Caso sejam encontradas irregularidades — como permanência acima do prazo permitido, crimes, ameaça à segurança pública ou vínculo com atividades terroristas — o visto será revogado.
Desde que retornou à Casa Branca, em 20 de janeiro, Trump ampliou as restrições imigratórias. De acordo com o governo americano, já foram revogados mais do que o dobro de vistos em comparação ao mesmo período do ano anterior, incluindo quase quatro vezes mais vistos estudantis. Só neste ano, mais de 6.000 estudantes tiveram os documentos cancelados, em sua maioria por violações legais como agressões e dirigir sob efeito de álcool ou drogas. Cerca de 300 casos estavam ligados a apoio a organizações terroristas.
Inicialmente, o processo de revisão de vistos focava sobretudo em estudantes envolvidos em atividades pró-Palestina ou críticas a Israel. Agora, abrange todos os tipos de visto. Além da reavaliação retroativa, a Casa Branca também determinou que todos os candidatos a visto sejam submetidos a entrevistas presenciais.
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Cerco à imigração
No momento, novas instalações de detenção para imigrantes ilegais estão sendo construídas em alguns estados, como a Flórida, enquanto instalações militares, como o Fort Bliss, no Texas, já conta com tendas com capacidade para receber 5.000 pessoas. Na semana passada, a secretária do Departamento de Segurança Interna, Kristi Noem, informou que cerca de 1,6 milhão de imigrantes indocumentados foram deportados dos EUA nos primeiros 200 dias de governo Trump.
Em meio ao cerco contra imigrantes, funcionários federais civis do Pentágono têm sido recrutados para uma “força de voluntários” que apoiará os esforços do Serviço de Imigração e Alfândega (ICE) e do Serviço de Alfândega e Proteção de Fronteiras (CBP), mostrou um e-mail obtido pelo site de notícias independente 404Media nesta quinta-feira, 21.
O Departamento de Defesa publicou uma lista de vagas para voluntários, que “oferecerão suporte crítico” ao ICE e aos agentes na divisa “enquanto cumprem a intenção do Presidente de garantir um sistema de imigração seguro e organizado”. Entre as tarefas a serem cumpridas pelos funcionários, estão “entrada de dados, suporte ao planejamento operacional, logística de processamento e transferência e suporte logístico”, afirmou um oficial de Defesa dos EUA, sob condição de anonimato, ao jornal britânico The Guardian.
Estima-se que 950 mil funcionários civis trabalhem para o Pentágono. O anúncio de busca por voluntários frisa que os locais para onde eles serão enviados “não são negociáveis” e que as condições “podem ser severas”, mas com benefícios e salários. As informações das vagas destacam que não há possibilidade de atuar de maneira remota e que as remunerações variam de US$ 25.684 a US$ 191.900 por ano.