Pela terceira vez em duas semanas, os Estados Unidos enviaram bombardeiros para a costa da Venezuela. Em uma operação promovida na segunda-feira, 27, dois modelos supersônicos B-1B empreenderam um trajeto de 14 horas que chegou a 32 km do país sul-americano, ficando próximo ao limite de seu espaço aéreo.
Utilizados para ataques de precisão, as aeronaves B-1B Lancers deixaram a base aérea de Grand Forks, no estado americano de Dakota do Norte, passando pela Flórida e por Porto Rico até chegar à costa norte da América do Sul. A operação é mais um episódio na ofensiva promovida pelo governo do presidente Donald Trump contra cartéis de drogas.
Na maior escalada militar regional em 30 anos, Trump vem tentando pressionar o governo do presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, reforçando a presença militar americana na costa venezuelana e empreendendo ataques contra embarcações que supostamente transportam drogas em direção aos EUA.
Aeronaves projetadas para lançar armamentos como bombas ou torpedos em alvos determinados em solo ou mar, os bombardeiros vêm sendo acionados por Washington em sua pressão contra Caracas. No dia 15 de outubro, três B-52 — modelo definido como “o mais capaz em combate” do Exército americano — estiveram na região, escoltados por caças F-35. Já no dia 23, foram outros dois B-1B a darem as caras na costa.
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Militares americanos realizaram pelo menos oito ofensivas contra supostos narcotraficantes nas proximidades da Venezuela. Os ataques resultaram na morte de pelo menos 43 pessoas, de acordo com dados publicados pelo governo. O episódio tem levantado preocupações por parte de especialistas e organismos internacionais por uma possível violação do direito internacional.
Atualmente, um grupo expedicionário dos Fuzileiros Navais está na região, em três navios. O Mar do Caribe também conta com a presença de destróieres, um cruzador e um submarino nuclear de ataque, além de dez caças furtivos F-35 estacionados em uma base recém-aberta em Porto Rico.
Há mais poder bélico a caminho, uma vez que o Pentágono anunciou, na semana passada, o envio do maior e mais novo porta-aviões da marinha americana para a região. O USS Gerald Ford tem a capacidade de carregar até 75 aeronaves e deve chegar à costa venezuelana dentro de alguns dias.
A mobilização representa o maior conjunto de forças militares enviadas ao Caribe desde 1994, quando os Estados Unidos invadiram o Haiti para reconduzir o governo democraticamente eleito de Jean-Bertrand Aristide de volta ao poder. O país já havia feito outras intervenções na região, como a invasão de Granada em 1983.
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Trump justifica a postura americana com uma retórica antidrogas. Na manhã desta terça-feira, 28, o presidente declarou que Washington teve sucesso em “parar quase completamente” o fluxo marítimo de drogas, e que o objetivo será “impedir a chegada de narcóticos por terra”. Anteriormente, o mandatário havia autorizado a agência de inteligência americana, a CIA, a realizar operações secretas no país.
Especulações decorrentes da movimentação militar apontam que a Casa Branca pode estar se preparando para tirar Maduro do poder — algo que vem sendo alimentado por comentários de políticos do Partido Republicano. No domingo, o senador republicano da Flórida Rick Scott afirmou: “Se eu fosse Maduro, iria para a Rússia ou China agora mesmo”.
Maduro é alvo de Donald Trump desde o primeiro mandato do republicano, entre 2017 e 2020. O presidente venezuelano é indiciado por narcoterrorismo em Nova York e é apontado pela Casa Branca como líder do Cartel de los Soles. Atualmente, há uma recompensa por informações que levem à sua prisão no valor de 50 milhões de dólares.
O líder venezuelano nega todas as acusações e afirma que as motivações americanas são motivadas por interesse nas reservas de petróleo do país. No entanto, a pressão militar parece estar afetando Maduro, que recentemente fez um apelo à paz. Segundo a mídia americana, há relatos de que ele tenha até mesmo oferecido uma parceria na exploração de recursos minerais de seu país para dissuadir as ações de Trump.