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Estabilidade com sinal amarelo: Fed alerta para incertezas inflacionárias

O banco central dos Estados Unidos, Federal Reserve (Fed), manteve a taxa básica de juros no intervalo entre 4,25% e 4,5%, uma decisão unânime que reforça a estratégia de vigilância paciente da autoridade monetária americana. Ainda que a inflação tenha mostrado sinais encorajadores nos últimos meses, os dirigentes do banco central seguem hesitantes quanto ao momento de flexibilizar a política, e o motivo principal tem nome e sobrenome: a incerteza tarifária provocada pelo presidente Donald Trump.

“Temos tido três meses de leituras favoráveis desde janeiro e fevereiro, e isso é uma notícia altamente bem-vinda”, afirmou o presidente do Fed, Jerome Powell, durante a coletiva de imprensa. “Serviços essenciais, tanto os habitacionais quanto os não habitacionais, realmente têm caído em direção a níveis consistentes com uma inflação de 2%.”

Mas o progresso esbarra em uma combinação de riscos: a defasagem dos efeitos das novas tarifas impostas sobre bens importados, a resiliência da demanda interna e, não menos importante, um pano de fundo geopolítico instável. Um jornalista chegou a questionar Powell sobre a troca de mísseis entre “dois adversários no Oriente Médio”, com possível envolvimento dos Estados Unidos, referência clara à tensão crescente entre Irã e Israel. Powell, como de costume, evitou comentar diretamente sobre o tema, preferindo manter o foco nas incertezas econômicas. “O tamanho dos efeitos tarifários, sua duração e o tempo que levarão são todos altamente incertos. Por isso achamos apropriado manter onde estamos enquanto aprendemos mais”, respondeu.

Em outras palavras, o Fed está no escuro quanto à magnitude, à duração e à difusão desses aumentos de preços. “Hoje, o tamanho dos efeitos tarifários, sua duração e o tempo que levarão são todos altamente incertos. Por isso achamos apropriado manter onde estamos enquanto aprendemos mais.”  O Fed já chegou a projetar cortes de juros no futuro, mas esses cenários são considerados altamente incertos, sinalizou Powell. “Se você vir alguém projetando uma trajetória com cortes, isso significa apenas que essa pessoa acha que provavelmente chegaremos a uma situação em que eles serão apropriados”, explicou. “Mas ninguém sustenta essas projeções com grande convicção.” A mensagem é clara: as estimativas futuras do Fed são meramente indicativas e totalmente dependentes da evolução dos dados.

Ainda que o crescimento siga moderado, entre 1,5% e 2%, e o desemprego permaneça em 4,2%, há rachaduras visíveis. O mercado imobiliário continua fraco e a criação de empregos começa a desacelerar. Mesmo assim, Powell não vê “nada alarmante” por ora. “A participação na força de trabalho, os salários e a criação de empregos estão todos em níveis saudáveis agora”, disse. “Talvez estejamos vendo um resfriamento muito, muito lento. Mas nada que seja preocupante neste momento.” No fundo, o Fed tenta manter a política monetária em uma posição que permita flexibilidade: pronta para apertar se a inflação voltar a subir, mas também preparada para afrouxar caso a desaceleração ganhe tração.

Powell reconheceu que as projeções são frágeis, em especial no atual contexto geopolítico e econômico. “Lembre-se de quanto de incerteza enfrentamos”, disse. “Há muitos cenários diferentes, onde a inflação se prova mais persistente ou menos; onde o mercado de trabalho se mantém forte ou esfria. A melhor resposta do Fed, neste momento, é permanecer flexível.” Com isso, o banco central opta por não se comprometer com cortes nem com aumentos adicionais. No atual momento, a ausência de mudança é a única forma de estabilidade possível, uma pausa estratégica para observar se os efeitos do aperto monetário já realizado serão suficientes para conter os preços, ou se novos choques virão testar a paciência de Jerome Powell e seus pares.

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