Em meio aos atritos cada vez mais aparentes entre o governo Lula e o Congresso, parlamentares de partidos de esquerda – os únicos que têm garantido apoio incondicional ao Palácio do Planalto nas votações – serão minoria na CPMI do INSS, que vai mobilizar deputados e senadores na busca por respostas para o bilionário escândalo de corrupção envolvendo descontos ilegais em pensões e aposentadorias.
Com a leitura do pedido de criação da comissão mista de inquérito, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP) deu início ao processo de instalação do colegiado, pedindo para os líderes de bancadas indicarem os membros de seus partidos e blocos que serão membros do colegiado. Serão quinze deputados e quinze senadores titulares, com igual número de suplentes.
O Radar já mostrou que, com base em análises preliminares, o PL de Jair Bolsonaro terá direito a seis vagas de titular e seis de suplente, ocupando um quinto do espaço total na CPI mista.
Técnicos do Congresso ainda não enviaram aos gabinetes o cálculo de proporcionalidade que vai determinar a distribuição das vagas, o que deve acontecer apenas na segunda-feira, mas uma estimativa que circula informalmente entre parlamentares desenha uma possível composição.
Como ocorre em toda investigação desse tipo, parlamentares farão requerimentos de quebra de sigilo, pedirão compartilhamento de provas com a Polícia Federal e aprovarão convocações de investigados para que falem, ao vivo para todo o país, sobre o escândalo de corrupção.
Com tamanho espetáculo político por ocorrer, o governo Lula, que já andava perdido na articulação política das votações importantes no Legislativo, perderá completamente o caminho para conseguir mobilizar partidos em torno de agendas de interesse do petista. Isso se não for arrastado para o centro do escândalo.
Veja, abaixo, a projeção de assentos na CPMI do INSS, dividida pelas duas Casas:
Câmara dos Deputados
Total: 15 titulares (T) + 15 suplentes (S)
- PL: 6 vagas (3 T + 3 S);
- Fed. PT/PCdoB/PV: 4 vagas (2 T + 2 S);
- PP: 4 vagas (2 T + 2 S);
- União: 4 vagas (2 T + 2 S);
- Fed. Avante/Solidariedade/PRD: 2 vagas (1 T + 1 S);
- Federação PSDB/Cidadania: 2 vagas (1 T + 1 S);
- MDB: 2 vagas (1 T + 1 S);
- PDT: 2 vagas (1 T + 1 S);
- PSD: 2 vagas (1 T + 1 S);
- Republicanos: 2 vagas (1 T + 1 S).
Senado Federal
Total: 15 titulares (T) + 15 suplentes (S)
- Bloco Democracia (MDB/União/Podemos/PSDB): 10 vagas (5 T + 5 S);
- Bloco Resistência Democrática (PSD/PSB): 6 vagas (3 T + 3S);
- Bloco Vanguarda (PL/Novo): 6 vagas (3 T + 3 S);
- Bloco Pelo Brasil (PT/PDT): 4 vagas (2 T + 2 S);
- Bloco Aliança (PP/Republicanos): 4 vagas (2 T + 2 S).