A sustentabilidade hospitalar tem se consolidado como um dos pilares estratégicos na expansão de unidades de saúde. Além de preservar o meio ambiente, contribui para a eficiência operacional e melhora a experiência de pacientes, acompanhantes e profissionais.
Hospitais demandam grandes volumes de energia, água e insumos, gerando resíduos que, se descartados inadequadamente, podem contaminar solo e água, causando intoxicações, infecções e até malformações congênitas.
Em 2020, a Organização das Nações Unidas (ONU) apontou que o Brasil gera cerca de 253 mil toneladas de resíduos hospitalares por ano. Para mitigar riscos, a Anvisa, por meio da Resolução nº 306, determina a separação desses resíduos em cinco categorias: infectantes, químicos, radioativos, comuns e perfurocortantes.
Para trazer a importância dos cuidados com o meio ambiente, o conceito de ESG (Ambiental, Social e Governança) vem ganhando força no setor da saúde, promovendo práticas sustentáveis, justiça social e gestão responsável. Segundo a Associação Nacional dos Hospitais Privados (ANAHP), os investimentos em projetos sustentáveis ultrapassaram R$ 119,6 milhões, beneficiando mais de 4,2 milhões de pessoas, com expectativa de impactar outras 15,6 milhões até 2030.
Dados da Infosys apontaram que 90% dos executivos entrevistados no ESG Radar 202 relatam retorno financeiro positivo a partir da utilização dos protocolos e que 29% observaram um aumento expressivo nos lucros; 61% perceberam uma evolução moderada o que confirma que essa é uma estratégia que alia excelência clínica, responsabilidade ambiental, impacto social promovendo a preservação do meio ambiente.
Estudos indicam que práticas sustentáveis podem reduzir em até 30% os custos operacionais e aumentar a segurança, além de que os ambientes naturais favorecem desfechos clínicos, como redução da dor e fadiga.
Outro ponto a ser observado é que a poluição afeta diretamente a saúde infantojuvenil, agravando doenças respiratórias e cardiovasculares.
O Sabará Hospital Infantil já adota diversas iniciativas, como o reaproveitamento de uniformes e resíduos em ecobags e brinquedos, evitando incineração. Realiza a substituição de sacos descartáveis por retornáveis evitando o descarte de 45 mil unidades por ano. A instituição também investe em eficiência energética, compostagem e energia solar, reduzindo 780 toneladas de CO₂ entre 2019 e 2022.
A nova unidade, com inauguração prevista para 2027, foi projetada com base nos princípios ESG e já tem o projeto certificado com o LEED® Ouro. Sua arquitetura é inspirada na fauna e flora brasileiras e contará com tecnologias de baixo impacto ambiental e infraestrutura voltada ao conforto físico e emocional dos pacientes. Os ambientes trarão referências naturais e humanizados contribuindo para a recuperação do paciente, reduzindo dor e o estresse e tempo de internação.
Em um cenário onde saúde, cuidado humanizado e sustentabilidade caminham lado a lado, hospitais que adotam uma gestão responsável, não apenas protegem o meio ambiente e promovem o bem-estar coletivo, como também se destacam no setor, garantindo perenidade, relevância e liderança.
A sustentabilidade hospitalar é, portanto, um compromisso com o futuro das crianças e do planeta. Esse cuidado, começa agora e passa, necessariamente, pela construção de ambientes hospitalares pediátricos mais inclusivos e preparados para acolher as novas gerações com excelência e segurança.
*Felipe Monti Lora é CEO do Sabará Hospital Infantil e Cristiane D´Andrea é diretora de expansão do Sabará Hospital Infantil