A turbulência causada na última sexta-feira — quando a Bolsa registrou a maior queda diária desde fevereiro de 2021 — voltou ao centro das discussões no programa Mercado, da VEJA. O gatilho foi o anúncio, por interlocutores de Jair Bolsonaro, de que Flávio Bolsonaro é o nome escolhido para disputar a Presidência em 2026 (este texto resume o vídeo acima).
O economista André Galhardo, da Análise Econômica, analisou o impacto e explicou por que o Banco Central não deve ajustar a política monetária com base nesse sobe-e-desce político.
O Copom deve considerar o risco eleitoral? “Não neste momento”
A apresentadora do programa, Veruska Donato, perguntou se a volatilidade trazida pela disputa presidencial entra no cálculo do Comitê de Política Monetária. Galhardo foi direto:
“Acho que o Banco Central não deve levar isso em consideração.”
Segundo ele, a correção já começou a acontecer — o câmbio, por exemplo, voltou a se apreciar após o susto de sexta-feira. O BC, diz Galhardo, toma decisões olhando tendências estruturais, não movimentos abruptos.
Há espaço para corte de juros — mas não em dezembro
Galhardo reiterou que, em sua avaliação, já haveria condições técnicas para cortar a Selic em dezembro. Mas reconhece que isso é improvável, porque o BC não sinalizou nenhuma mudança para a reunião deste mês, e a instituição costuma “dar seta antes de mudar de faixa”.
O mais provável, afirma, é que o Copom utilize o comunicado ou a ata para abrir caminho a um corte em janeiro, caso as condições se mantenham.
Pressões políticas não devem contaminar o BC — mas podem gerar ruído
Se o BC indicar que iniciará os cortes no início de 2025, o economista prevê alguma incerteza nos mercados:
“Se o Copom fizer isso, talvez haja algum tipo de volatilidade no Brasil — não pela eleição, mas pela própria expectativa em torno da política monetária.”
A inflação em queda e a possibilidade de um ciclo de flexibilização sustentam um cenário mais benigno. O desafio, porém, será atravessar a temporada eleitoral sem que o debate político turve a leitura dos dados.
VEJA+IA: Este texto resume um trecho do programa audiovisual Mercado (confira o vídeo acima). Conteúdo produzido com auxílio de inteligência artificial e supervisão humana.