O Brasil está entre os cinco maiores produtores de alimentos do mundo e entre os dez que mais desperdiçam. Vai para o lixo 30% de tudo que é produzido, o equivalente a 46 milhões de toneladas por ano. A falta de sustentabilidade começa no campo e se estende por toda a cadeia até chegar ao consumidor final. Trata-se de uma questão cultural e de processos não sustentáveis ao longo da cadeia. Os alimentos desperdiçados incluem frutas, legumes e hortaliças, que em geral estão boas para o consumo, mas não passam na seleção de qualidade devido muitas vezes à aparência. Na mira de uma produção mais eficiente, que diminua custos e impacto ambiental, empresas de catering passaram a trabalhar com políticas internas de gestão de resíduos e com metas de redução de 30% a 50% de perdas.
Diminuir o volume de comida descartada significa otimizar recursos naturais e financeiros, reduzir emissões de gases de efeito estufa e minimizar a pressão sobre aterros sanitários. Além disso, o melhor aproveitamento dos alimentos — por meio de planejamento de cardápios, armazenamento adequado e doação do excedente em boas condições — permite a redistribuição solidária, contribuindo para combater a insegurança alimentar e fortalecer ações de responsabilidade social. Exemplo disso é o programa da Sodexo, batizado de “Cozinha Solidária: Sabores”. O projeto fornece 1,5 mil refeições por mês para pessoas em situação de extrema insegurança alimentar na região de Manaus.
Em 2022, a empresa implantou WasteWatch. “Com ele, nossas equipes monitoram e analisam, em tempo real, o que está sendo desperdiçado e os motivos — o que nos permite agir rapidamente e reduzir perdas em todas as etapas”, diz Lilian Rauld, gerente de Sustentabilidade e ESG da Sodexo. No ano passado, a empresa cortou 22,4% do desperdício de alimentos nas operações no Brasil, o que evitou o descarte de duas mil toneladas de alimentos, o equivalente a mais de 3,7 milhões de refeições. A expectativa é que o programa contribua para a meta global da companhia de reduzir o desperdício de alimentos em 50% até o fim de 2025.
Com presença em 30 países, a concorrente Compass Group quer cortar pela metade a quantidade de alimento que vai para o lixo em no máximo dois anos. Isso para que a médio prazo a empresa não deixe pegada de carbono em seu processo. A política das empresas neste segmento não se restringe aos alimentos. Vale para as embalagens, plásticos, óleos de cozinha e resíduos em geral. Em tempos de aquecimento global, a postura é uma necessidade e também uma cobrança dos consumidores conectados com as mudanças climáticas. Mais equidade e segurança alimentar fazem parte das metas da 30ª Conferência das Partes sobre Mudanças Climáticas, que será realizada em Belém.
