Fundador do banco China Renaissance Holdings, o empresário chinês Bao Fan foi libertado após permanecer dois anos sob custódia devido a uma suposta investigação anticorrupção no país, informou o jornal local Caixin nesta sexta-feira, 8. Bao desapareceu em 2023 em meio ao sumiço repentino de outros executivos chineses. Desde então, não há informação sobre o seu paradeiro e condição de saúde. A libertação do bilionário, no entanto, não foi confirmada pelo governo da China.
Na época do desaparecimento, em fevereiro de 2023, China Renaissance Holdings afirmou que Bao estava cooperando com as autoridades chinesas em “uma investigação” — meses mais tarde, ele deixaria o cargo de presidente “por motivos de saúde e para se dedicar à família”. Pouco depois ao comunicado do banco, o veículo estatal Economic Observer informou que o empresário entrou na lista de suspeitos da Comissão Central de Inspeção Disciplinar, o principal órgão chinês de combate à corrupção, por envolvimento em um suposto esquema de suborno empresarial. Em agosto daquele ano, a agência de notícias Reuters revelou que ele delatava contra um ex-colega.
O episódio levantou ao aumento das preocupações sobre uma possível repressão ao setor de finanças no país. Nos últimos anos, cerca de meia dúzia de bilionários chineses sumiram. Em 2015, foi a vez do fundador do Fosun Group, Guo Guangchang, apelidado de Warren Buffet da China, sumir por alguns dias. Dois anos depois, o empresário sino-canadense Xiao Jianhua foi abduzido em Hong Kong, para ser julgado em Pequim por “manipular mercados de ações e futuros” e “oferecer subornos” – em 2022, foi condenado a 13 anos de prisão.
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Em 2020, o fundador do Alibaba , Jack Ma, também desapareceu dos olhos do público por vários meses. Na época, ele se preparava para lançar o IPO da empresa de pagamentos digitais Ant Financial. Em setembro de 2022, o presidente do China Renaissance, Cong Lin, foi preso após uma investigação sobre seu trabalho na divisão de leasing financeiro no Banco Industrial e Comercial da China, informou a agência de notícias econômicas Caixin.
A prática do Partido Comunista Chinês (PCC) é considerada “padrão”. A ONG internacional Human Rights Watch afirmou que o método já foi usado com muitas pessoas, mas os desaparecimento de magnatas chamam atenção por serem “grandes nomes”. Alguns especialistas dizem que Pequim reprime empreendedores para garantir que suas práticas comerciais estejam alinhadas com o PCC. Centenas de executivos e funcionários do setor foram alvo de ações disciplinares nos últimos anos, de acordo com o conglomerado de mídia americano Bloomberg.