Uma boa noticia para o mundo: novo relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) mostra que até 2035 há grandes chances de redução real de emissões de gases de efeito estufa. O documento também revela uma nova geração de metas climáticas mais ampla e inclusiva: cobrem quase todos os setores da economia — da segurança alimentar aos oceanos — e incorporam temas como gênero, juventude e transição justa. A notícia faz parte do resultado da análise do relatório síntese da Convenção do Clima (UNFCCC), baseado no balanço das metas climáticas entregues por 64 países entre janeiro de 2024 e setembro deste ano.
Essas metas estão descritas nas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) de cada nação. O documento é um dos principais instrumentos das Nações Unidas (ONU) para o combate às mudanças climáticas. Elas se conectam com a Agenda 2030, que inclui os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), abrangendo metas globais para o bem-estar social, econômico e ambienta. Cada país integrante da 30ªConfederação das Partes sobre Mudança Climática (COP30) assume a obrigação de entregar a NDC. Todos devem entregar o documento antes da conferências para que o mundo tenha uma ideia para onde está caminhando.
Divulgado nesta terça-feira, 28, o relatório da ONU, que é ainda uma parcial do total de NDCs, indica que 89% dos países têm metas que cobrem toda a economia; 73% incluem planos de adaptação; 70% tratam de transição justa; 89% abordam igualdade de gênero; 88% incluem crianças e jovens em suas estratégias; e 78% mencionam o oceano em suas NDCs, um aumento de 39% em relação ao ciclo anterior. Elas indicam que as emissões globais podem cair 10% até 2035. O estudo analisou 64 novas ou atualizadas NDCs apresentadas entre janeiro de 2024 e setembro de 2025, representando cerca de 30% das emissões globais.
A ONU descreve as novas metas como “um sinal de progresso real e crescente”, mas o relatório alerta que “ainda é necessária uma aceleração significativa” para cumprir as metas de temperatura do Acordo de Paris. “As Partes estão achatando sua curva combinada de emissões, mas ainda não com rapidez suficiente”, afirma o texto. Além disso, a ausência de metas de grandes emissores como a União Europeia, Índia e China comprometem o alcance da análise.
“Um relatório com apenas um terço dos dados não permite avaliar corretamente o que vai acontecer, mas nos diz muito sobre o grau de comprometimento dos países com o maior desafio que a humanidade enfrenta”, avalia Stela Herschmann, especialista em Política Climática do Observatório do Clima. Para Anna Cárcamo, especialista em Política Climática do Greenpeace Brasil, o relatório da ONU evidencia que os compromissos atuais são insuficientes. “A COP30 deve responder de forma efetiva para ampliar a ambição e a justiça climática, acelerando o fim dos combustíveis fósseis e do desmatamento, e ampliando a adaptação e o apoio financeiro aos países mais vulnerabilizados.”