Em uma série de tuítes, o embaixador dos Estados Unidos em Israel, Mike Huckabee, escolheu sarcasmo para reagir ao anúncio do presidente francês, Emmanuel Macron, de que Paris reconhecerá um Estado palestino em setembro. Entre alfinetadas ao chefe do Eliseu, nesta sexta-feira, 25, ele afirmou que não se pode apenas “declarar a existência” de uma nação e sugeriu que o território da Riviera Francesa poderia ser usado para criar um país para os palestinos.
“Que inteligente! Se Macron pode simplesmente ‘declarar’ a existência de um Estado, talvez o Reino Unido possa ‘declarar’ a França uma colônia britânica!”, escreveu ele.
Em uma publicação subsequente, ele acrescentou: “A ‘declaração’ unilateral de Macron de um Estado ‘palestino’ não disse ONDE ele seria. Agora posso revelar com exclusividade que a França oferecerá a Riviera Francesa e que a nova nação se chamará ‘Franc-en-Stine’.”
Foi um trocadilho com uma declaração do presidente americano, Donald Trump, que falou em assumir o controle da Faixa de Gaza e transformá-la em uma “Riviera do Oriente Médio”. A Riviera Francesa é uma famosa região na costa sul da França, banhada pelo Mar Mediterrâneo, onde ficam cidades como Nice, Cannes e Saint-Tropez.
Reconhecimento da Palestina
Na quinta-feira 24, Macron anunciou que a França vai reconhecer o Estado da Palestina na próxima Assembleia Geral das Nações Unidas, em setembro.
“Fiel ao compromisso histórico com uma paz justa e duradoura no Oriente Médio, decidi que a França vai reconhecer o Estado da Palestina. Anunciarei solenemente durante a Assembleia Geral da ONU, em setembro”, publicou o presidente nas redes sociais. Macron no X e Instagram.
A decisão já havia sido sugerida nos últimos meses. Hoje, quase 150 países reconhecem o Estado da Palestina. Entre eles, estão Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai, Colômbia, Suécia, Polônia, Irlanda, Rússia, Ucrânia e China. Em meio à guerra entre Israel e Hamas, outras nove nações reconheceram no ano passado: Armênia, Eslovênia, Irlanda, Noruega, Espanha, Bahamas, Trinidad e Tobago, Jamaica e Barbados.
+ Países da UE aumentam pressão por ‘medidas concretas’ sobre crise humanitária em Gaza
A resolução 181 das Nações Unidas, emitida em 1947, já previa a criação da Palestina e de Israel. No entanto, o Estado israelense progressivamente invadiu territórios definidos como palestinos pela ONU, levando à eclosão de uma série de conflitos regionais. Por sua vez, lideranças árabes nunca reconheceram a resolução e, como consequência, muito menos a fundação de Israel.
A decisão da França se dá em meio ao aumento de pressão de países europeus sobre a ofensiva israelense em Gaza. Em reunião em Bruxelas na quarta-feira, 23, representantes de diversos países da União Europeia pediram “medidas concretas” do bloco sobre a situação humanitária, disseram fontes diplomáticas ouvidas pela agência de notícias francesa AFP.
Em uma carta aberta, cerca de 40 embaixadores da UE pediram “sanções seletivas” contra “ministros, funcionários, comandantes militares” e “colonos israelenses violentos” acusados de “crimes de guerra”.
“Israel fez alguns esforços com base nos parâmetros acordados; o número de caminhões que entram em Gaza aumentou; cruzamentos e rotas adicionais foram abertos”, disse nesta quinta-feira o porta-voz do serviço diplomático da UE, Anouar El Anouni,. “Mas, obviamente, ainda há muito, muito a ser feito”.