O secretário de Defesa dos Estados Unidos, Pete Hegseth, ordenou neste domingo, 29, a mobilização de 200 soldados da Guarda Nacional do estado de Oregon. A decisão ocorre um dia após o presidente Donald Trump anunciar planos de enviar as tropas para Portland, capital de Oregon, para proteger instalações do Serviço de Imigração e Alfândega (ICE, na sigla em inglês) contra “terroristas domésticos”. Os militares foram autorizados pelo republicano a “força total, se necessário”.
“A pedido da secretária de Segurança Interna, Kristi Noem, estou instruindo o secretário de Guerra, Pete Hegseth, a fornecer todas as tropas necessárias para proteger Portland, devastada pela guerra, e qualquer uma de nossas instalações do ICE sitiadas contra ataques da Antifa e outros terroristas domésticos”, escreveu Trump na Truth Social, rede social da qual é dono, neste sábado, 27.
O decreto foi recebido com indignação por autoridades de Portland, governada pelo prefeito democrata Keith Wilson. Em resposta, o procurador-geral de Oregon, Dan Rayfield, moveu um processo contra Trump, Hegseth e Noem ainda neste domingo. Na ação, ele acusou o republicano de exceder os poderes presidenciais e de violar a soberania do estado.
“Invocando nada além de um pretexto infundado e extremamente hiperbólico — o presidente afirma que Portland é uma cidade ‘devastada pela guerra’, ‘sob cerco’ de ‘terroristas domésticos’. Assim, os réus violaram o poder soberano do Oregon de administrar suas próprias atividades de aplicação da lei e os recursos de sua Guarda Nacional”, disse o documento judicial.
Em comunicado, Rayfield também afirmou que “enviar 200 soldados da Guarda Nacional para proteger um único prédio não é normal”, em referência ao edifício do ICE. Os crimes violentos estão em queda no primeiro semestre em Portland, mostram dados Associação de Chefes de Grandes Cidades em seu Relatório Semestral de Crimes Violentos. Os homicídios, por exemplo, despencaram em 51% em comparação ao mesmo período do ano passado.
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Ameaças generalizadas
A agência de notícias Reuters informou, com base em relatos de seis autoridades americanas, que a mobilização de Trump surpreendeu funcionários do Pentágono. O novo cerco acontece em meio a crescentes ameaças de Trump contra cidades comandadas por democratas, como Chicago, Nova York, São Francisco e Baltimore. Desde que retornou à Casa Branca, em 20 de janeiro, ele ordenou o envio da Guarda Nacional para Los Angeles, Memphis e Washington, D.C.
Em meados deste mês, Trump advertiu que poderia declarar estado de emergência e enviar a Guarda Nacional novamente a Washington, D.C., caso as autoridades locais não cooperem com os agentes do ICE. A intervenção na capital expirou no início de setembro. Na Truth Social, ele acusou a prefeita de Washington, Muriel Bowser, uma democrata, de se recusar a colaborar com as políticas de imigração.
“O Governo Federal, sob meus auspícios como Presidente dos Estados Unidos da América, interveio na completa confusão criminosa que era Washington, D.C., a capital da nossa nação. Por causa disso, D.C. passou de uma das cidades mais perigosas e assassinas dos EUA, e até mesmo do mundo, para uma das mais seguras – em apenas algumas semanas”, escreveu ele.
“O “lugar” está absolutamente em expansão, com restaurantes, lojas e empresas lotados e, pela primeira vez em décadas, praticamente NENHUM CRIME. Tem sido algo lindo de se ver, mas agora, sob pressão dos democratas da esquerda radical, a prefeita Muriel Bowser, que presidiu esta violenta tomada criminosa da nossa capital por anos, informou ao Governo Federal que o Departamento de Polícia Metropolitana não cooperará mais com o ICE na remoção e realocação de imigrantes ilegais perigosos. Se eu permitisse que isso acontecesse, o CRIME voltaria com tudo”, acrescentou Trump.
Nas costumeiras letras garrafais, o líder americano disse que estava com a população de Washington e alertou que não permitirá o desacato, informando: “Declararei um Estado de Emergência Nacional e federalizarei, se necessário!!! Obrigado pela atenção a este assunto. FAÇAM A AMÉRICA GRANDE NOVAMENTE!!!”.
As tropas da Guarda Nacional chegaram a Washington, D.C, em 12 de agosto, um dia após Trump colocar o departamento de polícia local sob controle federal e anunciar que enviaria unidades para a capital americana com o objetivo de “restabelecer a lei e a ordem”. As acusações de que a cidade vivencia uma disparada de violência não são embasadas por dados.
Segundo o Departamento de Polícia Metropolitana de Washington, a criminalidade geral do distrito federal diminuiu 7% desde o ano passado, enquanto crimes violentos despencaram 26% e crimes contra a propriedade reduziram em 5%. Roubos de carros, por exemplo, caíram quase 50% em 2024 e seguem em queda este ano. A maioria dos detidos são adolescentes, e o governo federal discorda da forma como a cidade lida com a punição desses jovens.