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Em novo cerco, navio de guerra dos EUA impede avanço de petroleiro russo rumo à Venezuela

Um petroleiro russo recuou e optou por uma manobra de retorno a caminho da Venezuela após um navio de guerra dos Estados Unidos cruzar sua rota, informou a agência de notícias Bloomberg nesta sexta-feira, 21. A movimentação levanta dúvidas sobre a possibilidade do governo de Donald Trump boicotar a ajuda energética russa ao regime chavista como mecanismo de pressão. Washington e Caracas vivem um momento de escalada de tensões, reflexo do envio de tropas americanas ao Caribe e Pacífico em suposto cerco ao narcotráfico.

“Este incidente representa mais um passo na pressão que os EUA estão exercendo sobre o regime de Maduro”, disse Mark Cancian, consultor sênior de defesa do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais em Washington, à Bloomberg. “Uma redução nas exportações de petróleo prejudicaria gravemente o regime, porque o petróleo é praticamente sua única exportação.”

O incidente teria ocorrido em 13 de novembro, quando o navio russo Seahorse estava a caminho da Venezuela para entregar uma carga de combustível. Ao notar que o USS Stockdale, um destróier americano, estava em sua rota, mudou o rumo e partiu em direção à Cuba, navegando próximo às águas venezuelanas.

De lá para cá, a embarcação tentou duas vezes chegar a Venezuela, mas recuou e agora segue ancorada no Caribe — algo incomum, já que os petroleiros de Moscou raramente ficam ociosos nessa rota comercial. O Seahorse é sancionado pelo Reino Unido e pela União Europeia (UE), sendo um dos quatro navios russos responsáveis por transportar nafta — um diluente de petróleo — para a Venezuela, dependente do produto para facilitar o fluxo do petróleo pelos oleodutos.

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Tensão no Caribe

No domingo, 16, os Estados Unidos anunciaram que classificarão o Cartel de los Soles — que, segundo a Casa Branca, é liderado pelo presidente da Venezuela, Nicolás Maduro — como uma Organização Terrorista Estrangeira. O governo dos EUA oferece uma recompensa de US$ 50 milhões por informações que levem à captura do líder chavista. No final de outubro, Trump também revelou que havia autorizado a CIA a conduzir operações secretas dentro da Venezuela, aumentando as especulações de que Washington quer derrubar Maduro.

O maior porta-aviões do mundo, o USS Gerald R. Ford, destróieres com mísseis guiados, caças F-35, um submarino nuclear e cerca de 6.500 soldados foram despachados para o Caribe. Em paralelo, intensificam-se os ataques a barcos de Organizações Terroristas Designadas no Caribe e Pacífico, com 83 mortos, em atos considerados “execuções extrajudiciais” pela Organização das Nações Unidas (ONU).

Os incidentes geraram alarme entre alguns juristas e legisladores democratas, que denunciaram os casos como violações do direito internacional. Em contrapartida, Trump argumentou que os EUA já estão envolvidos em uma guerra com grupos narcoterroristas da Venezuela, o que torna os ataques legítimos. Autoridades afirmaram ainda que disparos letais são necessários porque ações tradicionais para prender os tripulantes e apreender as cargas ilícitas falharam em conter o fluxo de narcóticos em direção ao país.

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Dados das Nações Unidas enfraquecem o discurso de caça às drogas. O Relatório Mundial sobre Drogas de 2025 indica que o fentanil — principal responsável pelas overdoses nos EUA — tem origem no México, e não na Venezuela, que praticamente não participa da produção ou do contrabando do opioide para o país. O documento também aponta que as drogas mais usadas pelos americanos não têm origem na Venezuela — a cocaína, por exemplo, é consumida por cerca de 2% da população e vem majoritariamente de Colômbia, Bolívia e Peru.

Uma pesquisa Reuters/Ipsos divulgada na última sexta-feira, 14, revelou que apenas 29% dos americanos apoiam o uso das Forças Armadas dos Estados Unidos para matar suspeitos de narcotráfico, sem o devido processo judicial, uma crítica às ações de Trump. Em um sinal de divisão entre os apoiadores do presidente, 27% dos republicanos entrevistados se opuseram à prática, enquanto 58% a apoiaram e o restante não tinha opinião formada. No Partido Democrata, cerca de 75% dos eleitores são contra as operações, e 10% são a favor.

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