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Em meio à crise entre China e Japão, Trump aceita convite de Xi para visitar Pequim em abril

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta segunda-feira, 25, que aceitou o convite do seu homólogo da China, Xi Jinping, para visitar o país asiático em abril. A perspectiva da viagem ocorre em meio à escalada das tensões entre China e Japão por Taiwan. No início deste mês, a primeira-ministra japonesa, Sanae Takaichi, sugeriu que um ataque à pequena nação insular, que Pequim reclama como parte de seu território, poderia levar a uma resposta militar de Tóquio.

“Acabei de ter uma ótima conversa telefônica com o Presidente Xi Jinping, da China. Discutimos muitos tópicos, incluindo Ucrânia/Rússia, fentanil, soja e outros produtos agrícolas, etc. Fizemos um bom e importantíssimo acordo para nossos agricultores — e ele só tende a melhorar. Nossa relação com a China é extremamente forte!”, escreveu Trump na Truth Social, rede social da qual é dono.

“Esta ligação foi uma continuação do nosso encontro muito bem-sucedido na Coreia do Sul, há três semanas. Desde então, houve um progresso significativo de ambos os lados para manter nossos acordos atualizados e precisos. Agora podemos focar no panorama geral. Para esse fim, o Presidente Xi me convidou para visitar Pequim em abril, convite que aceitei, e retribuí o convite, convidando-o para uma visita de Estado aos EUA ainda este ano”, acrescentou.

O republicano também afirmou que os dois líderes concordaram sobre a importância de manterem “uma comunicação frequente”, algo que Trump disse esperar “fazer em breve”. Em movimento incomum, dada a instabilidade da relação entre China e EUA pela guerra tarifária, o telefonema foi realizado a convite de Xi, que reiterou sua posição sobre como o retorno de Taiwan ao mapa chinês é “parte importante da ordem internacional”. A conversa, contudo, teve como “foco principal” a elaboração de um acordo comercial, de acordo com a Casa Branca.

“Enquanto Pequim enfatizou a discussão sobre Taiwan e Ucrânia na ligação entre os líderes hoje, Trump, sem surpresa, focou em questões econômicas e comerciais”, disse Wendy Cutler, vice-presidente sênior do Asia Society Policy Institute e ex-autoridade sênior de comércio dos EUA, ao jornal americano The New York Times.

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Inimigo comum

A iniciativa de Xi para uma ligação acaba por revelar uma tentativa de que, na verdade, os EUA controlem o Japão. O resumo oficial chinês do bate-papo indicou que Xi usou um argumento curioso para tentar convencer Trump, frisando que os dois países “lutaram lado a lado contra o fascismo e o militarismo” durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), quando o Japão era inimigo comum. Taiwan, então, não deveria prejudicar uma relação firmada no passado. Horas depois, o líder americano telefonou para Takaichi para falar sobre a China.

Ainda na véspera, o ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, alertou que o Japão “cruzou uma linha vermelha”. Ele também adiantou que o governo chinês está preparado para “responder resolutamente” caso necessário e que todos os países têm a responsabilidade de “impedir o ressurgimento do militarismo japonês”.

“É chocante que os atuais líderes do Japão tenham enviado publicamente o sinal errado de tentar uma intervenção militar na questão de Taiwan, tenham dito coisas que não deveriam ter dito e cruzado uma linha vermelha que não deveria ter sido ultrapassada”, disse Wang, em referência à declaração da premiê japonesa a parlamentares no início do mês.

Na última sexta-feira, 21, a China enviou uma carta ao secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, na qual criticava a “grave violação do direito internacional” e das normas diplomáticas por Takaichi. O documento afirmava que “se o Japão ousar tentar uma intervenção armada na situação do Estreito, será um ato de agressão”.

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“A China exercerá resolutamente seu direito de autodefesa sob a Carta da ONU e o direito internacional e defenderá firmemente sua soberania e integridade territorial”, escreveu o embaixador da China nas Nações Unidas, Fu Cong, na carta.

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Tensões em alta

Ainda na semana passada, a China suspendeu importações de frutos do mar do Japão. A medida ocorreu meses depois de Pequim ter revogado parcialmente uma restrição anterior, emitida em 2023. Antes disso, o mercado chinês – incluindo Hong Kong – representava mais de um quinto das exportações japonesas. A imprensa japonesa informou que autoridades em Pequim teriam dito que a decisão estava relacionada à necessidade de monitorar melhor a qualidade da água, mas dado o contexto, foi interpretada como medida retaliatória.

De acordo com o porta-voz do governo japonês, Minoru Kihara, um alto funcionário do governo Takaichi se reuniu com diplomatas em Pequim na terça, 18, para tentar amenizar a tensão, mas sem avanços iminentes. O Ministério das Relações Exteriores da China relatou ter exigido que a premiê se retratasse durante a reunião, mas Kihara descartou a possibilidade.

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Em meio à crise, a embaixada do Japão em Pequim fez um alerta de segurança aos cidadãos, afirmando que devem respeitar os costumes locais enquanto estiverem em solo chinês e tomar cuidado ao interagir com locais. A orientação é que viajantes estejam atentos ao seu entorno quando estiverem ao ar livre, não fiquem sozinhos e tenham cautela extra ao acompanhar crianças.

A China, por sua vez, desaconselhou viagens ao Japão. Mais de 10 companhias aéreas chinesas, como Air China, China Eastern Airlines e China Southern Airlines, ofereceram reembolsos para voos com destino ao Japão até 31 de dezembro, enquanto a Sichuan Airlines cancelou os planos para a rota Chengdu-Sapporo até pelo menos março, de acordo com a mídia estatal.

 

 

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