Em meio a dificuldades financeiras, que têm derrubado o preço das ações no mercado financeiro, a Ambipar oficializou a mudança no registro de sua sede para o Rio de Janeiro nesta semana. A decisão é vista por credores como uma manobra jurídica da empresa de gestão ambiental, já que ela é fundada em São Paulo e prepara um pedido de recuperação judicial na comarca fluminense.
Nesta sexta-feira, 10, seis bancos ingressaram com uma petição defendendo a incompetência do juízo para tratar do imbróglio da companhia. Entre as instituições signatárias, estão o Banco ABC, Banco Bradesco, Banco do Brasil, Banco Santander, Banco Sumitomo e Itaú Unibanco.
A mudança na sede da Ambipar parte de uma estratégia ensaiada desde o fim de setembro, quando a empresa conseguiu na 3ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro uma medida cautelar para postergar o pagamento de parte de suas dívidas. A decisão ocorre em meio a cobranças de uma dívida avaliada em cerca de 15 bilhões de reais. A companhia alega que o Rio concentra a maior parte de seus negócios e operações e gera a maior concentração de lucros.
O grupo de credores, por sua vez, contesta a competência da Justiça do Rio para tratar da situação financeira da empresa, uma vez que o “centro decisório, administrativo e operacional do Grupo Ambipar, o maior volume de contratos, a maior quantidade de empregados, o maior desenvolvimento da atividade empresarial e a sede contratual da maior parte das sociedades localizam-se em São Paulo”.
Atualmente, o site oficial da Ambipar divulga como endereço duas salas localizadas no 27º andar do complexo empresarial que integra o shopping Rio Sul. A reportagem da revista VEJA esteve no local na tarde desta sexta-feira e encontrou as portas fechadas, a recepção vazia e salas apagadas. Apenas uma funcionária aparentava estar no local. Segundo o jornal O Globo, a empresa está devendo o aluguel, no valor de 60 000 reais.
O edifício, pertencente a um fundo imobiliário, é o mais alto da cidade e tem vista para a Pão de Açúcar. No documento enviado à justiça, as instituições financeiras sustentam que o “site institucional da Ambipar foi alterado em setembro de 2025, poucos dias antes do ajuizamento para incluir endereço no Rio de Janeiro”.
Em meio à crise, que também atinge sua estrutura institucional, a companhia avalia a contratação de uma auditoria externa para passar as contas a limpo. Enquanto isso, vê suas ações em queda, junto à pressão de acionistas por suas perdas, o que inclui ativos finaneiros, como os Certificados de Operações Estruturadas (COEs).
VEJA entrou em contato com a Ambipar na manhã desta sexta, mas até o momento não obteve qualquer resposta. O espaço segue aberto para manifestações.
