Começa neste domingo, 6, o encontro da Cúpula de Líderes dos Brics — grupo formado por 11 países, incluindo Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul — no Rio de Janeiro. Esvaziado com as ausências do presidente chinês, Xi Jinping e do russo, Vladmir Putin.
A pauta do encontro, sob a presidência do Brasil, deixa em segundo plano as guerras no Oriente Médio e no Leste Europeu, mesmo com a presença de países diretamente envolvidos em conflitos, como Rússia e Irã, e foca em acordo em saúde, meio-ambiente e inteligência artificial, prioridades da gestão Lula.
A expectativa do governo brasileiro é de aprovar não só a declaração final dos chefes de Estado como três declarações conjuntas nas áreas prioritárias, resultado de discussões que vêm ocorrendo ao longo do ano.
Ausências
Vladimir Putin tem um motivo complexo para sua ausência. Nesta quarta-feira, 25, o Kremlin afirmou que ele não comparecerá ao evento devido a um mandado de prisão pendente emitido contra ele pelo Tribunal Penal Internacional (TPI). O Brasil, como signatário do tribunal, deveria acatar a decisão e prender o líder russo assim que ele chegasse a território brasileiro.
O assessor de política externa do governo russo, Yuri Ushakov, afirmou que Putin decidiu não comparecer ao encontro das principais economias emergentes porque o governo brasileiro “não conseguiu se posicionar de forma clara” sobre o mandado.
Em contrapartida, Xi não virá ao Brasil por conflitos de agenda, de acordo com o jornal South China Morning Post. Em vez disso, espera-se que o premiê Li Qiang lidere a delegação da China, como fez na cúpula do G20 na Índia em 2023. Os chineses envolvidos nos preparativos, segundo o SCMP, citaram o fato de Xi ter se encontrado com Lula duas vezes em menos de um ano – primeiro na cúpula do G20 e na visita de Estado a Brasília em novembro passado, e novamente em maio, no fórum China-Celac em Pequim – como motivo para sua ausência.
A cúpula do Brics no Rio de Janeiro, entre 6 e 7 de julho, não contará com a presença de vários rostos conhecidos da política internacional. Após a confirmação da ausência dos presidentes Xi Jinping, da China, e Vladimir Putin, da Rússia, uma nova baixa foi anunciada nesta sexta-feira, 27: Abdel Fattah al-Sisi, do Egito. A participação do líder egípcio era uma alta expectativa do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que também planejava uma ida de al-Sisi a Brasília após o encontro dos líderes na cidade cartão-postal.
O líder do Egito. Abdel Fattah el-Sisi foi justificada pela escalada de tensões no Oriente Médio, muito em razão da guerra entre Israel e Irã. Além de Teerã, as forças israelenses conduzem operações em outros territórios da região, incluindo bombardeios ao Líbano, à Síria e à Faixa de Gaza — essa última, em guerra desde 7 de outubro de 2023. Recep Erdogan, da Turquia, e Claudia Sheinbaum, do México, também já informaram que não virão ao Rio, enviando representantes em seus lugares.
O Brics é composto por Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Indonésia e Irã. Não há informações sobre quem o governo iraniano enviará para o evento no Rio. Embora tenha firmado um cessar-fogo com Tel Aviv, Teerã precisa lidar com a instabilidade da trégua e com problemas em casa — os ataques de Israel e dos EUA deixaram três instalações nucleares no país “gravemente danificadas”, informou o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Irã, Esmail Baghaei.