O Japão aumentou a pressão nesta quinta-feira, 7, para que os Estados Unidos implementem, o quanto antes, o acordo que reduz tarifas no setor automotivo e em outros produtos. Apesar dos governos do primeiro-ministro japonês, Shigeru Ishiba, e do presidente americano, Donald Trump, tenham concordado com um abrandamento nas taxas, não há comprovação por escrito. A falta de um documento é um risco devido à volatilidade do republicano, conhecido por mudar de ideia sem dar explicações.
Na véspera, o secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, e o principal negociador comercial, Ryosei Akazawa, participaram de uma reunião em Washington. No encontro, Akazawa procurou confirmação e “execução imediata” do acordo dos dois países sobre taxas dos EUA, disse o governo em comunicado nesta quinta.
Embora os dois tenham negociado que as tarifas dos EUA sobre a maioria dos outros produtos japoneses serão reduzidas de 25% para 15% a partir de quinta-feira, a falta de confirmação por escrito gerou dúvida se os 15% serão somados a impostos existentes. Entre os produtos com um ponto de interrogação, está a carne bovina, que já era alvo de tarifas acima de 15%.
“Confirmamos com os EUA que não há discrepância, que a tarifa de 15% não será adicionada aos impostos existentes, disse Ishiba a repórteres nesta quinta. “O Japão está solicitando veementemente que os EUA alterem rapidamente a ordem executiva.”
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Interpretações conflituosas
No acordo do mês passado, os EUA concordaram em reduzir taxas sobre importações de carros japoneses de 27,5% para 15%, mas não informaram uma data para que a mudança entrasse em vigor. Ao mesmo tempo, o governo japonês alega que os dois países anuíram que outros produtos importados para os EUA estariam isentos desse “acúmulo”. No entanto, Trump não fez qualquer menção ao Japão na ordem executiva em 31 de julho, na qual abordava a condição de “não acumulação” de tarifas a alguns parceiros, como a União Europeia (UE).
Em meio ao clima de tensão, o jornal japonês Asahi afirmou que os EUA somarão as alíquotas, citando um funcionário da Casa Branca em anonimato. O gabinete de Ishiba, contudo, disse que era improvável que o governo Trump tomasse essa decisão. O primeiro-ministro japonês tem sido atacado por parlamentares e pela imprensa local por não ter elaborado uma declaração conjunta, com os detalhes do acordo comercial estipulados. Ele, por sua vez, argumenta que não produziu um documento por medo de que pudesse atrasar a implementação.