O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, enviou uma carta ao seu homólogo israelense, Isaac Herzog, pedindo que ele use seus poderes presidenciais para conceder um indulto preventivo ao primeiro-ministro do país, Benjamin Netanyahu, informou o gabinete de Herzog nesta quarta-feira, 12.
Netanyahu foi indiciado por corrupção em 2019, mas conseguiu driblar o julgamento, que tramita até hoje, com diversos adiamentos por conta de burocracia (e também da guerra em Gaza). Ele nega as acusações e se declarou inocente. Trump tem pedido repetidamente que Herzog dê um perdão ao premiê, afirmando que o caso se trata de uma “caça às bruxas” — expressão que usa proficuamente para defender-se e aos seus aliados quando são processados.
“Embora eu absolutamente respeite a independência do sistema judiciário israelense e suas exigências, acredito que este ‘caso’ contra Bibi, que lutou ao meu lado por muito tempo, inclusive contra o Irã, um adversário muito difícil de Israel, é uma perseguição política e injustificada”, disse Trump na carta.
O gabinete de Herzog, que divulgou o texto, informou que qualquer pessoa que queira um perdão presidencial deve apresentar um pedido formal, de acordo com os procedimentos estabelecidos.
Dedo de Trump
Durante uma visita de Trump a Israel em outubro, quando foi ao parlamento do país colher os louros pela costura do acordo que levou a um frágil cessar-fogo em Gaza, ele também usou seu discurso perante os legisladores israelenses para pedir que Herzog conceda um indulto ao primeiro-ministro.
Anteriormente, em junho, ele demandou num post em sua rede, a Truth Social, que o caso fosse arquivado. O presidente americano disse que o julgamento “deveria ser CANCELADO, IMEDIATAMENTE, ou um perdão deveria ser dado a um Grande Herói”, em referência a Netanyahu. Ele também afirmou que Washington, principal apoiador de Israel, não iria “tolerar isso”.
“É uma LOUCURA fazer o que os promotores descontrolados estão fazendo com Bibi Netanyahu”, opinou ele.
Entenda o caso
O primeiro-ministro foi indiciado em 2019 por acusações de suborno, fraude e abuso de confiança. Ele nega qualquer irregularidade e alega que o caso é resultado de uma perseguição política liderada pela esquerda, que teria como finalidade derrubar um governo de direita democraticamente eleito. Netanyahu entrou com vários pedidos de postergamento das audiências desde o início do julgamento, em maio de 2020.
Em um dos casos, ele e sua esposa, Sara, são acusados de aceitar mais de US$ 260 mil em bens de luxo, incluindo joias e champanhe, de bilionários em troca de favores políticos. Netanyahu também é acusado de tentar influenciar a cobertura de dois veículos de comunicação israelenses, com o objetivo de que as notícias fossem mais favoráveis à sua administração.