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Efeitos do tarifaço: o que esperar da indústria, segundo especialistas

A avaliação de economistas é que a variação da indústria em junho, abaixo do esperado pelo mercado, confirma o pé no freio da indústria brasileira num sinal de que o setor começa a sentir os efeitos da guerra comercial.  Segundo dados do IBGE, divulgados nesta sexta-feira, 1, a indústria avançou 0,1% em junho. O resultado não é suficiente para reverter a queda dos meses de abril e maio.

“De modo geral, o resultado reafirma a tendência de desaceleração do setor industrial, que deverá ter contribuição quase nula para o PIB do 2º trimestre. De acordo com a pesquisa, o crescimento do setor no segundo trimestre foi de apenas 0,07%”, avalia André Valério, economista sênior do Inter.

O destaque positivo fica para a produção de veículos, que avançou 2,4%. Na ponta negativa, o economista chama atenção para o recuo de 1,9% nas indústrias extrativas e de 2,3% nos combustíveis e de 1,9% de produtos alimentícios. ” São três dos ramos com maior peso sobre o índice, limitando a taxa de crescimento no mês”, diz.

Leonardo Costa, do ASA, também diz que o resultado de junho reforça a leitura de que a indústria entrou num compasso de maior instabilidade em 2025.  “O crescimento ainda presente no acumulado do ano (1,2%) é sustentado por poucos segmentos, cada vez mais vulnerável à fraqueza da demanda doméstica, aos efeitos do aperto monetário e à guerra comercial de Trump”, diz o economista.

O que esperar dos próximos meses

A projeção vai no sentido de uma trajetória desafiadora. “Para os próximos meses, esperamos continuidade da atual tendência, reforçada pelos indicadores antecedentes. Mesmo com o recuo parcial das tarifas americanas, o setor ainda deverá ser o principal afetado, dado que carnes e café ainda estão sujeitos à tarifação de 50% a entrar em vigor”, diz o economista do ASA.

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Rafael Perez, economista da Suno Research, concorda que o setor, já impactado pelos juros altos no cenário doméstico, começa a sentir o impacto da incerteza global. “A guerra tarifária tem levado a um aumento da insegurança quanto à regularidade nas cadeias globais de suprimento, dificultando o planejamento de alguns setores, em especial aqueles que serão mais afetados pelas tarifas de 50% impostas pelos EUA”, diz  Perez, economista da Suno Research.

As perspectivas para os próximos trimestres seguem desafiadoras, a indústria deve andar de lado até o fim do ano. “A combinação de taxas de juros elevadas, crédito mais caro, desaceleração da demanda interna e incertezas no comércio internacional tendem a manter o setor industrial em compasso de espera, com crescimento modesto e concentrado em poucos segmentos menos dependentes do ciclo econômico doméstico”. 

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