Cerca de 40 funcionários da Taurus Armas, em São Leopoldo (RS), estão, desde o início do mês, em férias coletivas. A medida, válida inicialmente por 15 dias, mas com possibilidade de prorrogação por igual período, atinge a linha de montagem de armas de longo alcance, destinadas principalmente à Companhia Brasileira de Cartuchos (CBC) e com destino final o mercado norte-americano.
O impacto decorre da sobretaxa de 50% imposta sobre armamentos importados pelo governo de Donald Trump, medida que, segundo executivos da companhia, “praticamente inviabiliza” as exportações para o maior cliente da fabricante gaúcha. Hoje, cerca de 80% da produção de São Leopoldo tem como destino os EUA.
Com 2,7 mil funcionários na planta, a empresa afirma estar negociando alternativas com sindicatos e autoridades estaduais. Entre as medidas discutidas, está a antecipação de créditos de ICMS junto ao governo do Rio Grande do Sul, mecanismo que poderia reforçar o caixa no curto prazo e mitigar os efeitos da retração nas vendas externas.
Paralelamente, a Taurus adota estratégias emergenciais para reduzir o impacto da medida tarifária. A companhia aumentou a produção de carregadores, item que, por ora, não foi incluído nas tarifas, destinando parte do excedente ao mercado norte-americano. Também intensificou o envio de estoques previamente montados para os EUA e mantém reservas estratégicas em território brasileiro.
O caso da Taurus ilustra como a guerra comercial desencadeada por Trump contra diversos setores pode atingir empresas brasileiras que, nas últimas décadas, se reposicionaram como players globais. Em 2023, a Taurus exportou cerca de 1,3 milhão de armas de fogo, consolidando os EUA como seu principal mercado, responsável por mais de dois terços da receita líquida.
Sindicatos locais temem que a medida emergencial de férias coletivas possa evoluir para cortes de pessoal caso não haja reversão da política comercial norte-americana ou contrapartidas robustas por parte do governo brasileiro.