Se não houver exagero a nota divulgada pelo Planalto para narrar bastidores da conversa de Lula e Donald Trump, por telefone, nesta segunda, o cenário geral recomenda que o deputado Eduardo Bolsonaro levante acampamento e volte logo ao Brasil tentar salvar seu mandato — e seu foro privilegiado.
Há o risco de Eduardo ser preso por ordem de Alexandre de Moraes ao pisar por aqui, claro, mas o caminho para que os Estados Unidos continuem tratando o Brasil como uma suposta ditadura judicial está mais perto do fim do que de levar Eduardo e os bolsonaristas a algum lugar promissor.
Os tempos de suposta interlocução privilegiada com a Casa Branca — uma condição sempre propagada por Eduardo — parecem ter chegado ao fim.
Lula e Trump, além de se darem bem, abriram canal direto de diálogo, colocaram seus auxiliares mais importantes para negociar pontos essenciais de acordo entre os países e até marcaram um “shake hands” para as próximas semanas.
Se havia alguma dúvida de que o governo do republicano pode se entender com o Brasil e deixar de seguir os conselhos da família Bolsonaro, ela ficou bem menor do que era antes.
Veja o que disse o governo petista sobre o papo de 30 minutos entre os dois mandatários:
1 – Lula defendeu a “restauração das relações amigáveis de 201 anos” entre Brasil e Estados Unidos.
2 – O tom foi amistoso, quase de nostalgia em torno da “boa química” que tiveram em Nova Iorque, na Assembleia Geral da ONU. “Os dois presidentes reiteraram a impressão positiva daquele encontro”, diz a nota.
3 – “Os dois presidentes trocaram telefones para estabelecer via direta de comunicação”.
Lula e Trump conversaram com tanta tranquilidade, que houve espaço até para pedir o fim das sanções contra o Brasil, como o tarifaço a produtos nacionais e as medidas restritivas contra autoridades brasileiras.
“O presidente Trump designou o secretário de Estado Marco Rubio para dar sequência às negociações com o vice-presidente Geraldo Alckmin, o chanceler Mauro Vieira e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad”, diz a nota do governo.
Do lado brasileiro, a conversa foi acompanhada pelo vice-presidente Geraldo Alckmin, os ministros Mauro Vieira, Fernando Haddad, Sidônio Palmeira e o assessor especial Celso Amorim.
O sonho de uma campanha dos Estados Unidos contra a democracia brasileira para livrar Jair Bolsonaro da prisão está mais distante.