O governo anunciou nesta quarta-feira, 13, o pacote de medidas para apoiar os setores afetados pelo tarifaço de 50% imposto pelos Estados Unidos. Entre as ações da Medida Provisória Brasil Soberano estão uma linha de crédito de 30 bilhões de reais, a prorrogação do programa Reintegra até 2026, a suspensão por um ano do pagamento de tributos no regime especial de drawback e um aporte de 4,5 bilhões de reais em fundos garantidores. Também haverá compras públicas de itens perecíveis atingidos pelas sobretaxas e busca por novos acordos comerciais. Como era esperado pelo mercado, o pacote de Lula acendeu alerta para o impacto fiscal.
Para o economista André Valério, do Inter, o pacote veio dentro do esperado e sem grandes surpresas. “Algo que demandará atenção é o impacto fiscal dessas medidas e se de fato serão transitórias, uma vez que a situação fiscal já é frágil”. Segundo ele, a criação de uma linha de crédito subsidiada em meio ao aperto monetário realizado pelo Copom pode minar os esforços da política monetária. No entanto, o montante anunciado não é grande o suficiente para gerar distorções significativas. O risco, segundo ele, é “a perpetuação das medidas, que poderiam se tornar mais uma forma de política industrial”.
O economista e especialista em investimentos Danilo Coelho, diz que a linha de crédito pode ser suficiente para ajudar as empresas a segurarem a produção que ficou represada, mas que o pacote não é suficiente no longo prazo. “Há uma perda de efetividade das empresas com o mercado americano, principalmente os setores que são mais dependentes” . O passo principal do governo precisa ser começar a olhar como redirecionar essa produção para outras cadeias de distribuição”, diz.
Coelho também chama atenção para o impacto fiscal da medida. “Esse pacote pode acabar penalizando ainda mais o nosso fiscal e, sem dúvidas, pode acabar gerando um certo nível de pressão em juros”, embora “consiga ajudar empresas, fazer a manutenção de emprego num patamar razoável”.