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E se as máquinas tivessem instinto materno?

Um bebê controla a mãe, que é muito mais inteligente, justamente porque ela desenvolve instintos naturais de cuidado e proteção. Por que não replicar esse vínculo com as IAs? Esse é o ponto de partida de uma proposta surpreendente feita por Geoffrey Hinton, cientista que é conhecido mundialmente como “Padrinho da IA”.

O leitor mais brincalhão poderia dizer que é apenas um padrinho em busca de compadres, mas a perspectiva dele leva em conta aspectos muito mais sérios e sombrios. Hinton já declarou em ocasiões anteriores que existe entre 10% e 20% de risco de que as IAs exterminem os humanos.

O ponto de vista de Hinton, expresso numa conferência em Las Vegas nesta semana, é que as empresas de tecnologia se equivocam em construir com as IAs uma relação de submissão. A saída seria, portanto, criar máquinas que não apenas obedeçam comandos, mas que desenvolvam genuína preocupação com o bem-estar humano.

Geoffrey Hinton é conhecido como
Geoffrey Hinton é conhecido como “padrinho da IA” devido a sua pesquisa relacionada a redes neuraisMasahiro Sugimoto/AFP

Em outras palavras, o instinto materno poderia ser implantado como um mecanismo de salvaguarda: em vez de buscar a supremacia sobre os humanos, máquinas dotadas desse tipo de empatia tenderiam a protegê-los.

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É uma resposta à tendência dos sistemas inteligentes de buscar autossobrevivência e controle, que poderia, sem freios, resultar em cenários perigosos para a humanidade.

Ainda não existem maneiras técnicas de testar se essa proposta de Hinton daria certo, mas para quem não sabe bem de quem estamos falando, é preciso dizer que ninguém recebe uma alcunha como a dele em vão.

O homem é chamado de padrinho da inteligência artificial porque atua nesse campo de pesquisa há mais 50 anos. Na real, mais do que isso, porque, em 2012, com dois alunos, desenvolveu o sistema matemático de redes neurais profundas que até então existia mais na teoria do que na rotina das pessoas e que é a base das tecnologias de aprendizado de máquina.

Eu sei, é ao mesmo tempo assustador pensar nas máquinas dessa maneira e poético enxergar a capacidade materna de amor incondicional como a saída para a distopia que — vamos ser sinceros — já passou pela cabeça de todos nós em algum momento.

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