Bastou uma frase — literalmente uma frase — do presidente do Banco do Japão, Kazuo Ueda, para que os mercados internacionais entrassem em estado de alerta. Em um encontro com empresários, o chefe do BoJ afirmou que a instituição vai avaliar “cuidadosamente os prós e contras” de um eventual reajuste nos juros. Num país que vive há décadas com inflação mínima e taxa básica negativa ou próxima de zero, qualquer insinuação de mudança no regime monetário vira terremoto. E virou: bolsas caíram globalmente, e o Ibovespa apenas seguiu a onda.
O nervosismo tem explicação. Os japoneses estão entre os maiores compradores de títulos do Tesouro americano — e também de papéis de outros países. Eles investem fora porque o Japão não oferece retorno doméstico. Mas se o BoJ começar a normalizar juros, parte desse capital tende a voltar para casa. A consequência? Menos dinheiro disponível até mesmo para mercados considerados porto seguro, como os EUA. Para emergentes como o Brasil, o risco é ainda maior: qualquer rearranjo de fluxo global seca o apetite por risco em segundos.
Aqui no front doméstico, a terça-feira amanheceu sem grandes novidades. A LDO deve avançar na comissão mista do Congresso esta semana. Com isso, os ativos brasileiros seguem novamente reféns do humor externo.